O mercado de criptomoedas enfrenta um período turbulento, com o Bitcoin liderando as quedas e atingindo o menor nível desde abril de 2025. Nesta sexta-feira (21), a criptomoeda desabou 10%, cotada a US$ 82.000, refletindo uma aversão generalizada ao risco e intensificando as preocupações sobre o futuro dos ativos digitais. O mercado cripto já encolheu cerca de US$ 1,5 trilhão desde o pico de outubro, sinalizando o que pode ser o pior mês desde o colapso da FTX há três anos. Mas, o que está acontecendo?

Fonte: InfoMoney
Queda Generalizada no Mercado Cripto
Além do Bitcoin, outras criptomoedas importantes também registraram perdas significativas. Ethereum (ETH) caiu 10,8%, sendo negociado a US$ 2.684. XRP (XRP), BNB (BNB), Solana (SOL), Dogecoin (DOGE) e Cardano (ADA) recuaram 9,7%, 9,1%, 10,9%, 11,3% e 13,5%, respectivamente. Esse cenário de baixa generalizada intensificou a pressão sobre o mercado, levando a liquidações massivas e a uma onda de pânico entre os investidores.
Liquidações e Aversão ao Risco
As liquidações no mercado futuro de criptomoedas somaram US$ 2 bilhões, seguindo um padrão de eventos anteriores que resultaram na eliminação de bilhões em posições alavancadas. Segundo o analista de mercado Tony Sycamore, da IG, a queda do Bitcoin pode refletir um sentimento de risco mais amplo, o que poderia levar a consequências ainda mais graves. A preocupação com a política de juros do Federal Reserve (Fed) e a performance das bolsas americanas também contribuem para o clima de incerteza.
Saídas de ETFs e Humor Negativo
ETFs de Bitcoin listados nos Estados Unidos registraram saídas de US$ 903 milhões, o segundo maior volume desde o lançamento desses produtos em janeiro de 2024. O interesse aberto em futuros perpétuos também recuou 35% desde o pico de outubro. Analistas como Alex Saunders, do Citi, apontam que o nível de US$ 80 mil é crucial, pois está próximo da média de reservas de bitcoin em ETFs.
O que está causando essa turbulência?
Vários fatores contribuem para esse cenário. A combinação de incerteza macroeconômica e vendas de grandes investidores de longo prazo gerou pânico no mercado. Um investidor que começou a comprar Bitcoin em 2011 vendeu todos os seus criptoativos, injetando US$ 1,3 bilhão no mercado. A expectativa de juros altos nos EUA penaliza ativos voláteis como o Bitcoin, levando os investidores a buscarem segurança.
Reação do Mercado e Perspectivas Futuras
O índice S&P 500 mostra sinais de estabilização após a queda, indicando que o declínio pode ser mais concentrado no mercado de criptomoedas. No entanto, o Índice de Medo e Ganância Cripto continua em "Medo Extremo". Analistas como Derek Lim, da Caladan, alertam que a situação é complicada no curto prazo, com a atividade do mercado não acompanhando os principais fatores econômicos. Resta saber se os catalisadores de liquidez, como o fim do aperto quantitativo e os gastos do governo, serão suficientes para impulsionar o mercado no futuro.
Impacto da Taxa de Juros e Vendas de Baleias
A frustração com a falta de alívio do mercado de risco após a decisão do Federal Reserve de não cortar os juros, combinada com a persistência de um cenário de liquidez global apertada, intensificou a pressão sobre os investidores. A venda de grandes quantidades de Bitcoin por baleias (carteiras com grandes quantidades de criptomoeda) desde julho injetou oferta no mercado, acentuando a queda. Segundo Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil, a expectativa de juros altos nos Estados Unidos por mais tempo penaliza ativos voláteis como o BTC.
Fluxo Negativo em ETFs de Bitcoin e Ether
Os ETFs de Bitcoin à vista registraram um saldo líquido negativo de US$ 903,2 milhões, com destaque para as saídas do IBIT (BlackRock), GBTC (Grayscale) e FBTC (Fidelity). Nos ETFs de ether, o fluxo também foi negativo, com destaque para as saídas do ETHA (BlackRock) e FETH (Fidelity). Esses fluxos negativos refletem a aversão ao risco e a busca por ativos mais seguros.
Conclusão: O Futuro Incerto das Criptomoedas
O mercado de criptomoedas enfrenta um momento desafiador, com o Bitcoin liderando as quedas e o sentimento de aversão ao risco predominando. As liquidações massivas, as saídas de ETFs e a incerteza macroeconômica contribuem para o clima de pânico. A recuperação do mercado dependerá de fatores como a política de juros do Fed, a estabilização das bolsas e a retomada da confiança dos investidores. A pergunta que fica é: este é apenas um soluço no longo prazo ou o prenúncio de uma correção mais profunda?