O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta terça-feira (4), um levantamento inédito sobre os sobrenomes mais comuns no Brasil. O sobrenome Silva lidera o ranking com aproximadamente 34 milhões de brasileiros, representando 16,76% da população. Em seguida, aparecem Santos (21,4 milhões), Oliveira, Souza e Pereira.

Fonte: BBC
A Distribuição Geográfica dos Silvas
A maior concentração de pessoas com o sobrenome Silva está nos estados de Alagoas e Pernambuco. Em Alagoas, 35,75% da população possui esse sobrenome, enquanto em Pernambuco são 34,23%. O município de Belém de Maria, em Pernambuco, destaca-se com 63,90% de seus habitantes portando o sobrenome Silva. Será que a lista de chamada da escola é só Silva?
A Origem Histórica do Sobrenome Silva
De acordo com o "Dicionário das Famílias Brasileiras", de Carlos Eduardo Barata e Antonio Henrique da Cunha Bueno, o sobrenome Silva tem origem nos tempos romanos, designando pessoas provenientes de regiões florestais. A palavra, derivada do latim, significa "selva" ou "floresta". Segundo o IBGE, o sobrenome desapareceu com a queda do Império Romano e ressurgiu por volta do século XI na Península Ibérica.
A Popularização do Sobrenome no Brasil
O sobrenome Silva ganhou popularidade no Brasil Colônia com a chegada dos portugueses. Muitos adotavam o sobrenome em busca de anonimato. Além disso, muitos escravizados recebiam o sobrenome de seus proprietários, geralmente com a preposição "da", indicando posse. Silva é comum em países lusófonos, e também encontrado na Espanha e Itália, embora em menor escala.
Por Que Temos Sobrenomes?
Os sobrenomes surgiram para diferenciar as pessoas. Na Europa da Idade Média, as pessoas tinham apenas o nome próprio, seguido de um qualificativo associado a características físicas ou ocupação. Entre os séculos 11 e 13, os sobrenomes começaram a se firmar, baseados em locais de origem e patronímicos (derivados do nome do pai). Alan Borges, vice-presidente da Associação de Registradores de Pessoas Naturais do Rio de Janeiro (Arpen-RJ), destaca que o costume "impera" na atribuição de nomes.
Sobrenomes e a Igreja Católica
No século 17 em Portugal, irmãos com sobrenomes diferentes eram comuns. O filho herdeiro, em geral o primogênito, recebia o sobrenome do pai. No auge da Inquisição, nos séculos 16 e 17, o surgimento dos sobrenomes duplos facilitava a investigação dos antepassados de alguém suspeito de ser "impuro" na perspectiva católica. A Igreja Católica teve papel importante na padronização e disseminação de sobrenomes através do batismo e registro de fiéis.
A Adoção do Sobrenome do Marido
Segundo Amy Erickson, historiadora da Universidade de Cambridge, o hábito da mulher adotar o nome do marido surgiu na Inglaterra. No século 14, advogados ingleses criaram uma regra que transferia os bens da mulher para o marido após o casamento, simbolizado pela adoção do sobrenome. No Brasil, o costume virou lei em 1916, tornando-se opcional em 1977 e permitindo que maridos adotassem o nome das esposas a partir de 2002.
Sobrenomes no Brasil e a Escravidão
No Brasil, pessoas escravizadas não tinham sobrenome. Se recebiam algum, era atribuído pelos seus senhores. Após a abolição em 1888, muitos adotaram sobrenomes religiosos ou de ex-donos. Até o início do século 20, não era comum registrar o sobrenome de uma criança ao nascer, o que só mudou em 1940 com uma lei que impôs a obrigatoriedade.
Como Surge um Sobrenome Famoso
Sobrenomes nascem, morrem e se transformam com o tempo, dependendo da vida das pessoas que os carregam. Ruy Barbosa de Oliveira, por exemplo, foi um personagem tão importante que "Ruy Barbosa" virou um novo sobrenome usado por seus descendentes. Os pais querem garantir abertura de portas para os filhos, e um sobrenome importante identifica e qualifica o sucessor.