Após um início de pregão otimista impulsionado pelos resultados da Nvidia, os mercados globais apresentaram reações diversas. Enquanto as bolsas asiáticas dispararam e a Europa iniciou o pregão em alta, o Nasdaq virou para queda após a divulgação do Payroll, que reduziu as chances de corte de juros nos EUA. O balanço da Nvidia, que superou as expectativas de lucro e receita, inicialmente animou os investidores, mas as preocupações sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed) ganharam força ao longo do dia.

Fonte: InfoMoney
Desempenho da Nvidia e Impacto nos Mercados Asiáticos
As bolsas asiáticas registraram altas expressivas, impulsionadas pelo otimismo em relação à Nvidia. O CEO da empresa, Jensen Huang, minimizou as preocupações com uma possível bolha de Inteligência Artificial (IA), o que acalmou os temores do mercado. Tony Sycamore, analista de mercado da IG em Sydney, afirmou que a Nvidia "deu mais uma aula magistral de domínio em IA".
- Nikkei (Tóquio): Alta de 2,6%
- Ações Coreanas: Salto de 2,3%
- Mercado Taiwanês: Alta de 3,2%, impulsionado por fabricantes de tecnologia na cadeia de suprimentos de IA.
As ações da fabricante taiwanesa de chips TSMC subiram 4,3%, enquanto a Samsung Electronics avançou 5,3%. A SK Hynix ganhou 2,2% e a Tokyo Electron disparou 5,4%. Esse desempenho refletiu a confiança dos investidores na capacidade da Nvidia de sustentar seu crescimento no setor de IA.
Payroll e a Reação do Mercado Norte-Americano
Nos Estados Unidos, o otimismo inicial foi substituído por cautela após a divulgação do Payroll. O Departamento do Trabalho informou que o setor privado criou 119 mil postos de trabalho em setembro, superando as expectativas dos economistas consultados pela Reuters, que esperavam 50 mil empregos. Esse dado reduziu a probabilidade de um corte de juros em dezembro pelo Fed.
Por volta das 14h15, o Nasdaq Composite caía 1,04%, enquanto o Dow Jones recuava 0,55% e o S&P 500 perdia 0,77%. O mercado passou a precificar uma chance menor de corte de juros em dezembro, o que afetou negativamente o desempenho das ações, inclusive as da Nvidia, que chegaram a cair 1,7% após subirem mais de 5%.
CEO da Nvidia e o Aumento da Fortuna Pessoal
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, viu sua fortuna aumentar US$ 4,4 bilhões (cerca de R$ 23,4 bilhões) em um dia, após a divulgação dos resultados trimestrais da empresa. Com esse avanço, o patrimônio do executivo alcançou US$ 162 bilhões (aproximadamente R$ 863,5 bilhões), segundo a revista Forbes. A Nvidia informou que registrou lucro líquido de US$ 31,9 bilhões no terceiro trimestre fiscal, alta de 65% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A receita da fabricante de chips e semicondutores atingiu US$ 57 bilhões, alta de 62% em um ano. A Nvidia também anunciou que, para o quarto trimestre, passou a projetar receita de US$ 65 bilhões — acima da expectativa do mercado. No mês passado, a Nvidia se tornou a primeira empresa de capital aberto a atingir um valor de mercado de US$ 5 trilhões. Atualmente, continua sendo a companhia mais valiosa do mundo, avaliada em US$ 4,55 trilhões.
Bolha de IA: Mito ou Realidade?
Os resultados trimestrais e as projeções da Nvidia são acompanhados de perto pelo mercado para medir a força do avanço da inteligência artificial e verificar se as preocupações sobre uma possível bolha são justificadas. Uma bolha de IA acontece quando empresas do setor têm seus valores disparando por expectativas exageradas, sem que os resultados reais sustentem essa alta. Jensen Huang, CEO da Nvidia, abordou essa questão diretamente ao afirmar que a Nvidia está presente em todas as etapas da IA — do pré-treinamento e pós-treinamento à inferência.
"Muito se fala sobre uma bolha de IA. Do nosso ponto de vista, vemos algo bem diferente. Para lembrar: a Nvidia não é como qualquer outro acelerador. Estamos presentes em todas as etapas da IA — do pré-treinamento e pós-treinamento à inferência."
Próximos Passos e Implicações
O mercado continua atento aos dados econômicos e às decisões do Federal Reserve. A ata da reunião de outubro do Fed mostrou que o banco central americano cortou as taxas de juros mesmo com os membros do comitê alertando que isso poderia acarretar o risco de inflação persistente e perda de confiança pública no banco central dos EUA. Os contratos futuros de Fed Funds precificam uma probabilidade implícita de 33% de um corte de 25 pontos-base na próxima reunião, em 10 de dezembro, abaixo dos 50% previstos no dia anterior.
A Nvidia, por sua vez, continua a ser um ponto focal para os investidores, com sua performance sendo vista como um indicador da saúde do setor de IA. Analistas destacam riscos externos, como possíveis cortes nos investimentos de clientes e obstáculos para ampliar a infraestrutura de data centers — que hoje enfrentam limitações de energia disponível e falta de alguns componentes, como chips de memória. Resta saber se a empresa conseguirá manter seu ritmo de crescimento e justificar as altas expectativas do mercado.