Dick Cheney, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e figura central na administração de George W. Bush, faleceu aos 84 anos na noite de segunda-feira, informou sua família. Conhecido como o arquiteto da "Guerra ao Terror", Cheney desempenhou um papel crucial na invasão do Iraque em 2003 e deixou um legado controverso marcado por políticas duras e uma influência sem precedentes no governo americano.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/W/J/WslYzwT0u9TzHuA2wowg/112917987-files-us-vice-president-dick-cheney-walks-through-the-collonade-to-attend-rob-portmans-sw.jpg)
Fonte: O Globo
A Trajetória de Dick Cheney
Richard Bruce Cheney nasceu em Lincoln, Nebraska, em 30 de janeiro de 1941. Sua longa carreira política o levou de assessor no governo Nixon a Chefe de Gabinete de Gerald Ford, passando por seis mandatos como deputado federal pelo Wyoming. Durante o governo de George H.W. Bush, Cheney serviu como Secretário de Defesa, liderando as forças americanas na Guerra do Golfo em 1991.
No ano 2000, George W. Bush escolheu Cheney como seu candidato a vice-presidente, uma decisão que mudaria o curso da política americana. A parceria entre Bush e Cheney moldou a resposta dos EUA aos ataques de 11 de setembro e redefiniu a política externa do país.
O 'Arquiteto' da Guerra ao Terror
Após os ataques de 11 de setembro, Cheney emergiu como uma das vozes mais influentes na defesa de uma resposta militar contundente. Ele articulou a invasão do Afeganistão e do Iraque, justificando-as como necessárias para combater o terrorismo e impedir a proliferação de armas de destruição em massa. No entanto, a invasão do Iraque, em particular, tornou-se um ponto de intensa controvérsia, com alegações de informações de inteligência falhas e um conflito prolongado que resultou em milhares de mortes e instabilidade regional.
“A guerra do Iraque foi a decisão certa. Acreditei nisso então, e acredito agora.” – Dick Cheney, em 2015, à CNN.
A vice-presidência de Cheney foi marcada por controvérsias, incluindo o uso de técnicas de interrogatório consideradas tortura e a expansão da vigilância governamental em nome da segurança nacional. Suas políticas geraram críticas de defensores dos direitos humanos e questionamentos sobre o equilíbrio entre segurança e liberdade.
Rompimento com o Trumpismo
Apesar de sua trajetória conservadora, Cheney rompeu com o Partido Republicano sob a liderança de Donald Trump. Ele e sua filha, Liz Cheney, tornaram-se críticos ferrenhos de Trump, condenando suas tentativas de subverter as eleições de 2020 e o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Em 2024, Cheney surpreendeu ao declarar seu apoio à candidata democrata Kamala Harris, afirmando que Trump representava um perigo para a república.
Em um anúncio da campanha de sua filha Liz, Cheney afirmou:
“Nos 246 anos de história da nossa nação, nunca houve um indivíduo que representasse uma ameaça maior à nossa república do que Donald Trump. Ele é um covarde.”
Legado e Impacto
Dick Cheney deixa um legado complexo e controverso. Para seus apoiadores, ele foi um líder firme que defendeu os interesses dos EUA em um mundo perigoso. Para seus críticos, ele foi um símbolo de excessos de poder e políticas intervencionistas. Sua influência na política americana continua a ser debatida e analisada, especialmente em relação à Guerra ao Terror e ao papel do vice-presidente no governo.
Sua morte, por complicações de pneumonia e problemas cardíacos, marca o fim de uma era na política americana. As reações de figuras políticas e da mídia certamente refletirão a polarização que caracterizou sua carreira, com debates sobre o impacto de suas decisões na história dos Estados Unidos e do mundo.
Cheney é sobrevivido por sua esposa, Lynne, e suas filhas, Liz e Mary.