O presidente Donald Trump tem intensificado o uso de imagens geradas por inteligência artificial (IA) em suas redes sociais, particularmente no Truth Social, para atacar oponentes políticos e mobilizar seus apoiadores. A prática, que começou em 2022, tornou-se uma ferramenta central na sua estratégia de comunicação, levantando preocupações sobre a disseminação de desinformação e a normalização de propaganda política impulsionada por IA.
Fonte: The New York Times
A Escalada do Uso de IA na Comunicação Política
Desde o final de 2022, Trump publicou pelo menos 62 imagens ou vídeos gerados por IA em sua conta no Truth Social, de acordo com uma análise do The New York Times. Essas criações variam de ataques diretos a rivais políticos a representações lisonjeiras de si mesmo, além de materiais de campanha eleitoral enganosos. O uso da IA permitiu que Trump visualizasse seus argumentos partidários, como demonstrado na campanha com imagens contrastantes sobre os efeitos de "fronteiras abertas".
Ataques e Propaganda: Como Trump Emprega a IA
O levantamento do The New York Times apontou que Trump utilizou imagens de IA para atacar seus oponentes, incluindo líderes democratas e rivais republicanos, em pelo menos 14 ocasiões. Durante a preparação para as eleições de 2024, ele postou pelo menos 19 vídeos e imagens de IA em apoio à sua campanha presidencial. Ademais, o presidente usou a ferramenta para dar vida a suas ideias políticas, satirizar críticas e celebrar sua administração em pelo menos sete postagens. O auge do uso da ferramenta foi atingido com ao menos 21 vídeos e imagens com visões fantasiosas de si mesmo.
Repercussões e Críticas
Especialistas alertam que, mesmo as aplicações mais brandas de IA por figuras públicas como Trump, podem normalizar seu uso como ferramenta de propaganda política. Henry Ajder, especialista em IA, afirma que essa é uma nova forma internacional de mensagem política, projetada para viralizar com tom absurdo, mas com mensagens subliminares. A Casa Branca defende o uso da IA como parte de uma estratégia de mídia social bem-sucedida, destacando a capacidade de Trump de se comunicar diretamente com o povo americano de forma criativa e eficaz.
“Trump é a pessoa mais notável compartilhando esse conteúdo, mas isso está realmente se tornando uma nova forma internacional de mensagem política.” – Henry Ajder, especialista em IA.
Exemplos Polêmicos e Respostas da Casa Branca
Em um incidente notório, Trump postou um vídeo gerado por IA mostrando-o como um piloto de caça, lançando excrementos sobre manifestantes após protestos nacionais contra sua administração. Além disso, ele usou a IA para criar uma versão futurística de Gaza como um paraíso à beira-mar com uma estátua de ouro de si mesmo, o que gerou críticas de legisladores democratas e defensores dos direitos palestinos.
A Casa Branca respondeu a algumas críticas com declarações desafiadoras, como a resposta ao pedido de Kenny Loggins para a remoção não autorizada de sua música "Danger Zone" em um vídeo de Trump. A Casa Branca enviou um meme de "Top Gun" em resposta ao pedido de comentário da Entertainment Weekly.
O Impacto da Desinformação e a Reação do Público
Alguns usuários de redes sociais foram enganados pelas montagens e vídeos, questionando sua autenticidade. Após a publicação de um vídeo com uma falsa prisão de Barack Obama, usuários do Truth Social questionaram se as imagens eram reais. A facilidade de criação de conteúdo falso através de IA também tem sido explorada por teóricos da conspiração, que divulgam vídeos sobre curas milagrosas e descobertas surpreendentes.
O Futuro da Propaganda Política com IA
O uso de IA na política continua a evoluir, com ferramentas cada vez mais sofisticadas capazes de produzir vídeos e áudios super-realistas. A capacidade de criar conteúdo falso de forma rápida e fácil levanta sérias questões sobre o futuro da desinformação e a necessidade de vigilância e alfabetização midiática para combater a manipulação. Até que ponto a disseminação de imagens e vídeos gerados por IA influenciará as eleições e a opinião pública nos próximos anos? A resposta a essa pergunta dependerá da capacidade dos cidadãos e das instituições de discernir entre o real e o fabricado.