Sanae Takaichi assume Japão com gabinete de apenas duas ministras

Sanae Takaichi fez história ao se tornar a primeira mulher a governar o Japão, mas sua nomeação de gabinete, com apenas duas mulheres em 19 cargos, gerou debate sobre o avanço da igualdade de gênero no país. A nova primeira-ministra, admiradora de Margaret Thatcher, enfrenta desafios econômicos e demográficos, além de uma agenda política conservadora. O Japão, que ficou em 118º lugar no Relatório Global de Disparidade de Gênero de 2025, vê a ascensão de Takaichi como um momento crucial, mas complexo.

Quem é Sanae Takaichi?

Descrita como "workaholic", Takaichi traçou um percurso incomum na política japonesa. Fã de heavy metal e motocicletas, ela conciliou a paixão por pilotar com o trabalho como comentarista de TV antes de ingressar na política. Sua admiração por Margaret Thatcher lhe rendeu o apelido de "Dama de Ferro japonesa". No entanto, ao contrário da austeridade de Thatcher, Takaichi se inspira na "Abenomics", priorizando incentivos fiscais e baixas taxas de juros, mesmo diante da inflação persistente.

O Gabinete e a questão de gênero

Apesar de prometer um gabinete com "níveis nórdicos" de representação feminina, Takaichi nomeou apenas Satsuki Katayama para as Finanças e Kimi Onoda para a Segurança Econômica. Essa decisão contrasta com suas declarações anteriores sobre igualdade de oportunidades e gerou questionamentos sobre seu compromisso com a igualdade de gênero no governo. Ela justificou a escolha afirmando que formou o gabinete com as pessoas certas nos cargos certos para avançar nas políticas.

Desafios internos e externos

Takaichi assume o governo em um momento crítico para o Japão, enfrentando uma grave crise demográfica, economia estagnada e tensões geopolíticas. Sua postura conservadora, incluindo oposição à imigração e defesa de valores tradicionais, pode gerar desafios adicionais. Além disso, sua posição sobre a revisão da Constituição pacifista e a presença de ogivas nucleares dos EUA no Japão podem aumentar as tensões com a China e a Coreia do Norte.

"Sanaenomics" e a Economia Japonesa

A nova primeira-ministra propõe uma política econômica apelidada de "Sanaenomics", que ecoa a "Abenomics" de seu mentor, Shinzo Abe. No entanto, analistas alertam que seus planos de gastos em larga escala e inflação baixa podem enfraquecer ainda mais o iene e aumentar as preocupações com os níveis de dívida do Japão. A inflação recorde e o iene desvalorizado já estão pressionando as famílias japonesas e elevando o custo de vida.

Relações com os Estados Unidos

A relação com os Estados Unidos será um ponto crucial do governo Takaichi. Espera-se que ela siga o manual diplomático de Abe, mantendo um relacionamento próximo com o governo Trump. No entanto, sua posição sobre o acordo de investimento de US$ 550 bilhões entre Japão e Estados Unidos, anunciado em setembro, pode gerar tensões. Takaichi já indicou que pode revisitar o acordo, o que levanta incertezas sobre o futuro das relações comerciais entre os dois países. A primeira oportunidade para testar essa relação pode ocorrer em breve, com uma possível reunião entre Takaichi e Trump nos primeiros dias de seu mandato.

Qual o futuro do Japão sob Takaichi?

A ascensão de Sanae Takaichi marca um momento histórico para o Japão, mas também levanta questões sobre o futuro do país. Será que a primeira mulher a governar o Japão conseguirá equilibrar sua agenda conservadora com os desafios econômicos e demográficos que o país enfrenta? Como suas políticas afetarão as relações do Japão com o mundo? O tempo dirá.

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