Shutdown nos EUA Aumenta Incertezas e Fed Perde Dados Essenciais

O Federal Reserve (Fed) enfrenta um cenário complexo com a paralisação do governo dos Estados Unidos, que impede a divulgação de dados econômicos cruciais, como o relatório de emprego (payroll). A ausência dessas informações agrava a incerteza sobre a estratégia de corte de juros, em um momento em que já existem divergências internas sobre o ritmo ideal.
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Fonte: InfoMoney

Impacto do Shutdown nas Decisões do Fed

A paralisação, resultado de um impasse orçamentário entre o governo e o Congresso, liderado pelo presidente Donald Trump, impede a coleta e divulgação de dados essenciais. O Departamento de Estatísticas de Trabalho já confirmou a suspensão da divulgação do relatório de emprego, e outros indicadores importantes, como o índice de preços ao consumidor, também estão em risco. Como isso afeta a capacidade do Fed de tomar decisões informadas sobre a política monetária?

Divergências Internas e o Nível Neutro dos Juros

A falta de dados oficiais agrava as divergências internas no Fed sobre a estratégia de corte de juros. Os dirigentes do banco central discordam sobre o quão restritiva está a atual política monetária e qual é o nível “neutro” dos juros – aquele que não acelera nem freia a economia. Stephen Stanley, economista-chefe dos EUA no Santander, destaca a dificuldade em encontrar consenso sobre esse nível em meio à incerteza econômica. A divergência interna se manifesta na dificuldade de estimar o impacto das tarifas de Trump, das restrições à imigração e dos esforços de desregulamentação sobre a taxa real de juros.

Consequências Econômicas e Riscos Adicionais

Economistas estimam que cada semana de paralisação pode reduzir em cerca de 0,1 ponto percentual o Produto Interno Bruto (PIB) do trimestre. Além do shutdown, a desaceleração do crescimento mensal do emprego já preocupa o Fed, apesar da taxa de desemprego estável em 4,3%. A inflação, por sua vez, se afastou da meta de 2%, com alta nos preços de itens expostos às tarifas.

Visões Divergentes sobre a Política Monetária

Antes do shutdown, o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou apoio a uma redução gradual dos juros, atualmente entre 4% e 4,25%. Ele descreveu o movimento como uma estratégia de “gestão de riscos” para proteger o mercado de trabalho. No entanto, nem todos os dirigentes concordam com essa abordagem. Stephen Miran, novo integrante do Conselho de Governadores do Fed, defende cortes mais agressivos, alertando que a manutenção das taxas em níveis elevados pode levar a demissões e desemprego.

O Impacto a Longo Prazo e a Necessidade de Justificativas

A paralisação do governo e a consequente falta de dados econômicos deixam o Fed em uma posição delicada, dificultando a tomada de decisões sobre a política monetária. A ausência de informações concretas pode prolongar a incerteza e aumentar os riscos para a economia americana. James Knightley, economista-chefe internacional do ING, ressalta a importância de ter justificativas sólidas para sustentar qualquer decisão sobre os juros. O shutdown nos EUA, que já interrompeu serviços de agências federais e colocou 750 mil funcionários em situação de desemprego parcial, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), agrava a situação. A interrupção dos serviços federais é a primeira desde o mais longo da história, que durou 35 dias, e poderá reduzir o crescimento do PIB dos EUA em 0,2 ponto percentual por semana, de acordo com analistas da seguradora Nationwide.

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