As ações da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4) registraram forte alta nesta sexta-feira (26) após o anúncio do fim das negociações para uma possível fusão entre as duas companhias aéreas. A Azul liderou os ganhos, com um aumento de 17,14%, atingindo R$ 1,23, chegando a disparar quase 22% no melhor momento do dia. Já a Gol encerrou o pregão com avanço de 5,31%, cotada a R$ 5,95, após ter valorizado aproximadamente 8,5%. O grupo Abra, controlador da Gol, justificou a decisão devido a mudanças no cenário, incluindo o processo de reestruturação internacional da Azul, em andamento nos Estados Unidos.

Fonte: CNN Brasil
Por Que a Fusão Não Aconteceu?
Após nove meses de discussões, o grupo Abra comunicou a desistência da fusão, bem como o fim do acordo de compartilhamento de voos (codeshare) entre as empresas. A principal razão apontada pela Gol foi o foco da Azul em seu processo de Chapter 11, a recuperação judicial nos Estados Unidos. A Azul apresentou recentemente à Justiça de Nova York seu plano de reestruturação.
“As partes não tiveram discussões significativas ou progrediram em uma possível operação de combinação de negócios por vários meses como resultado do foco da Azul em seu processo de ‘Chapter 11’”, informou a Abra em carta à Azul.
Impacto no Setor Aéreo Brasileiro
Especialistas avaliam que o fim das negociações elimina riscos regulatórios, já que uma fusão enfrentaria resistência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) devido à concentração de mercado. Gesner Oliveira, sócio da GO Associados, declarou à CNN Money que a união de duas empresas, em um mercado já concentrado em três, seria prejudicial ao consumidor, aumentando o preço das passagens aéreas. No entanto, também se perdem os potenciais ganhos de sinergia e escala que a fusão poderia proporcionar.
Repercussão e Posicionamento da Latam
Enquanto Azul e Gol vivenciavam a volatilidade em suas ações, Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, afirmou que a companhia sempre esteve tranquila em relação à possível fusão. A Latam inaugurou um novo hangar de manutenção em São Carlos, com um investimento de R$ 40 milhões, reforçando sua estratégia de crescimento sustentável. Cadier expressou confiança de que o Cade analisaria a fusão caso ela prosseguisse.
“Independente do que foi anunciado ontem ou não, a gente desde o começo se posicionou sempre confiando em que esse eventual processo, esse rumor de fusão, fosse analisado pelo Cade”, disse Cadier.
O Que Esperar do Futuro?
A Abra reforçou que acredita no mérito de uma futura combinação de negócios entre as duas companhias e se mostrou aberta a retomar diálogos com os diferentes atores do setor. O Ministério de Portos e Aeroportos declarou que acompanha a situação e ressaltou que o setor aéreo brasileiro continua em crescimento, com aumento na demanda por voos domésticos e internacionais. O país segue contando com três grandes companhias aéreas — Gol, Azul e Latam —, garantindo competitividade e opções para os passageiros. Será que as negociações entre Azul e Gol serão retomadas em um futuro próximo? O mercado aéreo brasileiro permanece em constante evolução, e os próximos capítulos prometem ser interessantes.