Venezuela pune aéreas após suspensão de voos por tensão com os EUA

A Venezuela revogou as licenças de operação de seis companhias aéreas, incluindo a Gol (Brasil), Ibéria (Espanha), TAP (Portugal), Turkish Airlines (Turquia), Avianca (Colômbia) e Latam Colômbia, após estas suspenderem voos para o país. A medida, anunciada em 27 de novembro de 2025, é uma resposta à decisão das empresas de interromperem suas operações devido a alertas de risco militar emitidos por reguladores dos EUA, em meio a crescentes tensões entre Venezuela e Estados Unidos.

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Fonte: G1

Justificativa do Governo Venezuelano

O governo de Nicolás Maduro acusa as companhias aéreas de “terem aderido às ações de terrorismo de Estado promovidas pelo governo dos EUA”. A decisão de revogar as licenças foi tomada após um ultimato de 48 horas dado às empresas para que retomassem os voos, conforme relatado pela agência France-Presse. Segundo uma fonte do Ministério dos Transportes, o governo venezuelano se reuniu com representantes das companhias na segunda-feira, 24 de novembro, para comunicar o ultimato.

Alerta da FAA e a Suspensão dos Voos

A suspensão dos voos ocorreu após um alerta da FAA (órgão regulador aeronáutico dos Estados Unidos) sobre a “piora da situação de segurança e à atividade aumentada no país e em torno dele”. A FAA comunicou que sobrevoar a Venezuela consistia numa "situação potencialmente perigosa". Essa atividade aumentada é atribuída ao governo de Donald Trump, que intensificou a mobilização militar na região sob o pretexto de combate ao narcotráfico.

Impacto nas Companhias Aéreas

A Gol, que havia retomado a rota entre São Paulo e Caracas em agosto de 2025, operava quatro voos semanais. A empresa ainda não se pronunciou sobre o impacto da medida para os passageiros. No caso dos voos cancelados, as companhias aéreas estão oferecendo opções de remarcação, reembolso ou crédito, dependendo da tarifa aplicada. Outras empresas, como Air Europa e Plus Ultra, também seguiram a recomendação da FAA e podem enfrentar punições similares. Atualmente, continuam voando para a Venezuela, além das empresas locais, a Copa (Panamá) e a Wingo (Colômbia).

Tensões EUA-Venezuela e Mobilização Militar

A pressão dos EUA sobre Maduro tem se intensificado com a chegada de um grupo de ataque liderado pelo porta-aviões USS Gerald Ford. Caças F/A-18 realizam voos de treinamento no Caribe, demonstrando força militar. Os EUA classificaram o Cartel de los Soles como organização terrorista, acusando Maduro de liderar o grupo e coordenar atividades de narcotráfico. Maduro nega as acusações, e especialistas questionam a classificação do cartel como terrorista.

Reações Internacionais e Alertas de Viagem

Diante do agravamento da crise, a Suíça emitiu um alerta, pedindo que seus cidadãos evitem viagens não essenciais à Venezuela. O governo suíço ressalta que voos podem ser suspensos sem aviso, e a assistência consular pode ser limitada. Outros países, como Alemanha, Reino Unido e Coreia do Sul, também endureceram suas restrições de viagem à Venezuela, citando riscos de colapso de serviços, violência e um ambiente político imprevisível.

Possíveis Desdobramentos

A situação na Venezuela permanece tensa, com o risco de ações militares dos EUA e uma crise interna crescente. A Venezuela, por sua vez, considera a acusação ridícula, e especialistas são reticentes a qualificar o cartel como tal. Ele está, dizem analistas, mais para um guarda-chuva de operações criminosas e corrupção estatal, ligado a figuras do regime venezuelano. A natureza da ação americana é debatida no Congresso dos EUA, que não a autorizou. O futuro das relações entre a Venezuela e as companhias aéreas afetadas é incerto, com possíveis impactos no turismo e na economia do país. A escalada das tensões com os EUA pode levar a novas sanções e restrições, aprofundando a crise venezuelana. A comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos, buscando uma solução pacífica para a crise.

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