Praia do Cassino (RS) Interditada por Lama: Entenda o Fenômeno

Um trecho de aproximadamente dois quilômetros da Praia do Cassino, localizada em Rio Grande, no Rio Grande do Sul, foi interditado devido ao acúmulo de lama. O fenômeno, que afeta a maior praia do Brasil, com cerca de 218 km de extensão contínua, causa preocupação entre moradores, comerciantes e turistas. A interdição compreende a área entre as ruas Rio de Janeiro e o Canal Farroupilha.

Segundo Osmar Olinto Möller Junior, professor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), o fenômeno está ligado ao transporte natural de sedimentos da Lagoa dos Patos para o mar. A lagoa lança toneladas de sedimentos no mar, formando um depósito que tempestades fortes transportam para perto da praia. A Portos RS também descartou relação com a dragagem na região.

A prefeitura de Rio Grande instalou barreiras de areia e restringiu a circulação de veículos na área afetada. Placas de alerta sobre a proibição de banho também foram colocadas. Comerciantes e frequentadores da praia já sentem os impactos da interdição.

Elaine Goulart, professora do Instituto de Oceanografia (IO) da FURG, explica que a lama se acumula em áreas profundas e pode ser mobilizada por tempestades. Há duas interpretações sobre a origem: alguns defendem que é natural, resultado de sedimentos da Lagoa dos Patos; outros relacionam às atividades de dragagem no estuário. Contudo, nenhuma hipótese foi comprovada definitivamente. É possível que seja uma combinação de fatores naturais e da dragagem.

O professor Möller ressalta que grandes depósitos de lama, cobertos por areia, podem causar acidentes e até carros podem atolar. O material deve retornar ao oceano naturalmente, mas não há previsão de quando isso ocorrerá, dependendo do tempo e das variações do nível da água.

O aparecimento de lama na Praia do Cassino é um fenômeno recorrente, influenciado pelas mudanças na vazão da Lagoa dos Patos e eventos climáticos extremos. O monitoramento contínuo é essencial para entender e mitigar os impactos desse processo natural. A situação exige atenção das autoridades e conscientização dos frequentadores para garantir a segurança e minimizar os transtornos.