Um estudo recente apresentado pela American Heart Association (AHA) revelou que o uso prolongado de melatonina, frequentemente utilizada como auxiliar do sono, pode estar associado ao aumento do risco de insuficiência cardíaca e morte. A pesquisa, que analisou registros de saúde de mais de 130 mil adultos com insônia ao longo de cinco anos, levanta preocupações sobre a segurança do uso contínuo deste suplemento.
Fonte: G1
O Que Revelou o Estudo da AHA?
Os resultados preliminares indicam que adultos que utilizaram melatonina por 12 meses ou mais apresentaram cerca de 90% mais chances de desenvolver insuficiência cardíaca em comparação com aqueles que não fizeram uso do hormônio. Além disso, o grupo que tomava melatonina teve 3,5 vezes mais chances de serem hospitalizados por insuficiência cardíaca e quase o dobro do risco de morte por qualquer causa.
Melatonina: O Que É e Para Que Serve?
A melatonina é um hormônio naturalmente produzido pela glândula pineal, responsável por regular o ciclo sono-vigília. Sua produção aumenta com a escuridão, preparando o corpo para o sono, e diminui com a luz. A melatonina sintética, vendida como suplemento, é frequentemente utilizada para auxiliar no tratamento de insônia, transtorno do espectro autista, deficiência visual e distúrbios do ritmo circadiano. No Brasil, a comercialização da melatonina como suplemento alimentar foi liberada pela Anvisa em 2021, permitindo a compra sem prescrição médica.
Quais os Riscos do Uso Indiscriminado?
Embora a melatonina seja amplamente considerada segura, o estudo da AHA levanta preocupações sobre os efeitos a longo prazo. Além do aumento do risco cardíaco, o uso sem prescrição médica pode levar a sonolência diurna, tontura, dor de cabeça, náuseas, pesadelos, fadiga e falta de concentração. Ekenedilichukwu Nnadi, autor principal do estudo, ressalta a surpresa dos pesquisadores com os aumentos significativos em desfechos graves, considerando a melatonina uma opção segura para melhorar o sono.
O Que Dizem os Especialistas?
Especialistas alertam que a melatonina não deve ser utilizada de forma indiscriminada, especialmente em períodos prolongados, sem a orientação de um profissional de saúde. Dalva Poyares, médica especialista em Medicina do Sono, enfatiza que a melatonina pode auxiliar no início do sono, mas não é aprovada como tratamento para insônia. Marie-Pierre St-Onge, professora da Universidade Columbia, acrescenta que o sono saudável é multifatorial e envolve hábitos, luz, rotina e condições de saúde.
Quais as Limitações do Estudo?
É importante notar que o estudo da AHA é observacional e não estabelece uma relação causal direta entre o uso de melatonina e os problemas cardíacos. Os pesquisadores reconhecem limitações, como a falta de dados sobre a gravidade da insônia e outras condições psiquiátricas dos participantes. Além disso, o estudo considerou dados de países com diferentes regulamentações sobre a venda de melatonina, o que pode ter influenciado os resultados. São necessárias mais pesquisas para confirmar os achados e determinar a segurança da melatonina para o coração. Qual o impacto desses achados na sua rotina de sono?
Os resultados preliminares do estudo servem como um alerta para a necessidade de uma avaliação mais cuidadosa sobre os riscos e benefícios do uso prolongado da melatonina, especialmente em indivíduos com insônia crônica. A pesquisa reacende o debate sobre a automedicação e a importância de buscar orientação médica para o tratamento de distúrbios do sono.