Lucro do Banco do Brasil Tomba 60% no 3º Trimestre de 2025

O Banco do Brasil (BBAS3) reportou uma queda acentuada em seu lucro líquido ajustado no terceiro trimestre de 2025, registrando R$ 3,8 bilhões, valor 60,2% inferior ao do mesmo período do ano anterior. A performance, impactada principalmente pela alta inadimplência no setor do agronegócio, gerou reações negativas no mercado financeiro.

Desempenho Financeiro Detalhado

Apesar da queda expressiva, o lucro ainda superou a expectativa de analistas consultados pela Bloomberg, que projetavam R$ 3,55 bilhões. Contudo, o resultado contábil de R$ 3,028 bilhões demonstra a magnitude do impacto negativo, com uma queda de 66% em comparação com o terceiro trimestre de 2024. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RSPL), um indicador chave de rentabilidade, atingiu 8,4%, permanecendo estável em relação ao trimestre anterior, mas significativamente abaixo dos 21,1% registrados há um ano.

Impacto do Agronegócio e Inadimplência

A forte inadimplência de clientes do agronegócio, um dos principais segmentos do Banco do Brasil, é apontada como o principal fator por trás da redução no lucro. Vários clientes estão em processo de recuperação judicial, o que afeta diretamente o balanço da instituição. A taxa de inadimplência do banco atingiu 4,93%, um aumento de 1,6 ponto percentual em 12 meses.

Revisão das Estimativas para 2025

Diante do cenário desafiador, o Banco do Brasil revisou suas estimativas para o ano de 2025, diminuindo a projeção de lucro líquido para entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões, em comparação com a estimativa anterior de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões. O custo do crédito também foi revisado para cima, com uma projeção entre R$ 59 bilhões e R$ 62 bilhões.

Reação do Mercado e Perspectivas Futuras

As ações do Banco do Brasil (BBAS3) sentiram o impacto dos resultados, despencando no pregão desta quinta-feira. Analistas apontam que o resultado já era esperado, mas a confirmação da queda reforça a preocupação com a saúde financeira da instituição. Felipe Sant'Anna, analista da Axia Investing, destaca a preocupação com a expansão da carteira de crédito em segmentos de maior risco, como pessoa física e jurídica.

Estratégias do Banco em Meio à Crise

A administração do Banco do Brasil afirma que está atuando com responsabilidade para controlar a inadimplência, gerar novos negócios e diversificar receitas, preparando a instituição para um novo ciclo de crescimento. O banco também comunicou a distribuição de R$ 410,5 milhões em Juros sobre Capital Próprio (JCP) em dezembro, com base na posição acionária de 1º de dezembro, correspondendo a R$ 0,07192713139 por papel.

Panorama Setorial e Concorrência

O momento de cautela na concessão de crédito não é exclusivo do Banco do Brasil. Os maiores bancos privados do país também têm adotado uma postura mais conservadora, diante do receio do aumento da inadimplência em um cenário de juros elevados. A Selic em dois dígitos desde fevereiro de 2022 tem penalizado a saúde financeira de indivíduos e empresas, exigindo uma gestão de risco mais apurada por parte das instituições financeiras.

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