Guterres e Lula defendem fim de distorções em combustíveis fósseis na COP30

Em um apelo contundente durante a COP30 em Belém, o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o presidente Lula uniram vozes para defender o fim das distorções que favorecem os combustíveis fósseis, buscando acelerar a transição para energias renováveis. O evento, que reúne líderes globais para discutir soluções para a crise climática, tornou-se palco de intensas negociações sobre o futuro da matriz energética mundial.

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Fonte: UOL

Apelo por Flexibilidade e Ações Concretas

Guterres cobrou dos países negociadores posicionamentos mais flexíveis e efetivos, visando um acordo que diminua o consumo de combustíveis fósseis. Ele enfatizou a necessidade de eliminar as “distorções do mercado” que atualmente beneficiam esses combustíveis, e combater a desinformação que dificulta a transição energética. Ao mesmo tempo, ponderou a importância de considerar os impactos econômicos dessa transição, defendendo o apoio aos trabalhadores e comunidades dependentes do petróleo através de treinamento e novas oportunidades.

Lula e a Pressão por um Mapa do Caminho

O presidente Lula tem defendido ativamente o financiamento da transição energética, especialmente por parte dos maiores poluidores. Alinhado com Guterres, Lula ressaltou que a mudança climática é uma questão que coloca em risco a humanidade, e que é preciso reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Ele propôs a criação de um “mapa do caminho” para que cada país possa determinar suas ações dentro de suas possibilidades, visando a diminuição da emissão de gases de efeito estufa, provenientes, em grande parte, dos combustíveis fósseis.

Adesão Global e Desafios Persistentes

Até o momento, 82 países aderiram ao plano concreto proposto pelo Brasil para abandonar os combustíveis fósseis. No entanto, grandes produtores como Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita, Canadá e Irã ainda não se manifestaram. Délcio Rodrigues, do Climainfo, aponta que a lista de apoiadores pode aumentar, mas a ausência dos maiores produtores representa um desafio significativo.

O Posicionamento dos Cientistas

Um grupo de cientistas, incluindo Paulo Artaxo e Carlos Nobre da USP, entregou uma carta às lideranças da COP30, enfatizando a urgência de decisões concretas para reduzir o uso de combustíveis fósseis, responsáveis por 80% das emissões de gases causadores do aquecimento global. Eles defendem o fim da abertura de novos poços de petróleo e o desenvolvimento de um roadmap ambicioso e com metas claras. Thelma Krug, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, também apelou por mais ambição na adaptação e mitigação das mudanças climáticas.

O Impasse Político e a Busca por Consenso

A COP30 se aproxima do fim, com uma reunião plenária decisiva onde todos os documentos negociados precisam ser aprovados por consenso. A questão do financiamento climático, os critérios para avaliação de compromissos nacionais e as metas de adaptação são alguns dos temas que geram divergências. Ilan Zugman, da 350 na América Latina e Caribe, alerta que a falta de um mandato claro para a redução do uso de combustíveis fósseis pode gerar frustração.

O Recado a Trump e a Necessidade de Ação

Guterres enviou um recado a Donald Trump, que decidiu não enviar representantes dos EUA para a COP30: “Estamos esperando por você”. Ele reforçou a necessidade de uma transição justa para longe dos combustíveis fósseis, conclamando os países a uma nova coalizão para energia verde e ressaltando que o setor privado e o mercado financeiro precisam aumentar sua participação no financiamento climático. Com a proximidade do fim da COP30, a expectativa é que os países consigam superar as divergências e alcançar um acordo ambicioso que impulsione a transição para um futuro mais sustentável.

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