Corinthians: Ex-jogador acusa negligência e recebe pensão até 2035

Kauê Souza, ex-jogador do Corinthians, alega negligência médica do clube entre 2021 e 2024, o que o forçou a abandonar o futebol aos 24 anos. Condenado pela Justiça, o Corinthians pagará pensão mensal de R$ 12 mil até 2035, totalizando cerca de R$ 2,5 milhões. O ex-atleta relata dificuldades em atividades cotidianas e lamenta a perda do sonho de seguir carreira no futebol.

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Fonte: GE

A Trajetória e a Lesão

Kauê, originário de Diadema, passou pelas categorias de base de diversos clubes antes de chegar ao Corinthians em 2019. No clube, atuou na categoria sub-23, com um salário inicial de R$ 3 mil, que logo foi ajustado para R$ 12 mil devido ao bom desempenho. Em 2021, durante um treino, sofreu uma torção no joelho, marcando o início de seu calvário.

“Tomei um encontrão no treino, coisa normal. Estiquei demais o meu joelho e tive uma torção. Senti muita dor, muita dor mesmo. Fui para o departamento médico, eles avaliaram meu joelho no achismo [...] dizem que não é nada. Só que eu não consigo me mexer.” – Kauê, em entrevista ao ge.

Tratamentos e Cirurgias

Após ressonâncias magnéticas diagnosticarem tendinopatia patelar e espessamento fibrocicatricial, Kauê foi submetido a um tratamento conservador que não apresentou resultados. Em março de 2022, passou por cirurgia com o médico Joaquim Grava, que, segundo o jogador, não solucionou as dores. Uma segunda operação foi realizada em julho de 2023.

Acusações de Negligência e Pressão Psicológica

O ex-jogador acusa o Corinthians de negligência no tratamento de sua lesão e relata ter sofrido pressão psicológica no CT. Segundo Kauê, um médico do clube chegou a sugerir que a dor era “coisa da sua cabeça” e prescreveu um medicamento utilizado para tratar depressão e ansiedade, embora o médico negue que a indicação fosse para tais condições. O médico Leonardo Hirao afirmou que a medicação foi prescrita para o tratamento de dor crônica no joelho, visando reprogramar um padrão prolongado de dor e auxiliar na reabilitação do atleta.

A Decisão da Justiça e o Futuro

Em outubro de 2025, a Justiça do Trabalho condenou o Corinthians a pagar indenização por danos morais e pensão mensal a Kauê. O jogador aguarda o pagamento para realizar uma nova cirurgia no joelho e planeja iniciar a faculdade, buscando um recomeço profissional. Atualmente, Kauê vive com a namorada em Diadema e tenta se adaptar às limitações impostas pela lesão.

“O Corinthians tirou o meu sonho, a minha esperança. Eu acho que tirou até um pouco do meu brilho. O meu maior sonho virou a maior frustração da minha vida. Não foi só o futebol, tirou a minha vida.” – Desabafa Kauê.

O Que Diz Joaquim Grava

Joaquim Grava, responsável pelas cirurgias, considera os procedimentos bem-sucedidos, mas reconhece a necessidade de uma terceira intervenção. Ele critica a decisão do Corinthians de dispensar o jogador em meio ao tratamento. “Mandaram o atleta embora com dor e sem estar recuperado. Ele tinha que fazer uma terceira cirurgia, um reforço de tendão, algo grande. O Corinthians não poderia tê-lo mandado embora naquelas condições. Se eu estivesse lá, não o deixaria ser dispensado”, afirmou o médico.

Posicionamento do Corinthians

O Corinthians informou que acatará a decisão da Justiça do Trabalho e cumprirá o pagamento da pensão devida ao ex-jogador. Diante da decisão judicial, o Sport Club Corinthians Paulista foi condenado a indenizar o atleta. A Justiça do Trabalho entendeu que o clube deve pagar pensão mensal de R$ 12 mil até que Kauê complete 35 anos, além de indenização por danos morais de R$ 50 mil. O clube foi considerado responsável pela lesão, que incapacitou o jogador de seguir carreira.

Análise Jurídica da Condenação

Segundo o Consultor Jurídico, a decisão judicial se baseia no entendimento de que atletas profissionais estão expostos a riscos maiores em suas atividades, aplicando a teoria da responsabilidade objetiva. A Constituição assegura aos trabalhadores o seguro contra acidentes de trabalho, sem excluir a indenização em caso de dolo ou culpa do empregador. O Código Civil também estabelece a obrigação de indenizar em casos de responsabilidade civil e a possibilidade de pagamento de pensão se o ofendido não puder mais exercer sua profissão.

Implicações e o Futuro do Caso

O caso de Kauê Souza serve como alerta sobre a importância do cuidado com a saúde dos atletas e a responsabilidade dos clubes em garantir o tratamento adequado. A decisão judicial pode abrir precedentes para outros casos semelhantes, reforçando a necessidade de acompanhamento médico e respeito aos direitos dos jogadores.

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