O cometa interestelar 3I/Atlas, descoberto em julho de 2025, tem gerado intenso debate na comunidade científica e entre o público, impulsionado por especulações sobre sua possível origem artificial. Enquanto alguns cientistas defendem que suas características se encaixam nas de um cometa comum, outros, como o astrofísico de Harvard Avi Loeb, levantam a hipótese de que o 3I/Atlas poderia ser uma nave espacial alienígena. O cometa fará sua maior aproximação da Terra em 19 de dezembro, a aproximadamente 270 milhões de quilômetros.
Fonte: Folha de S.Paulo
As Características Incomuns do 3I/Atlas
O 3I/Atlas apresenta algumas peculiaridades que o distinguem de outros cometas do Sistema Solar. Observações revelaram uma composição química atípica, com uma quantidade significativamente maior de dióxido de carbono (CO₂) em relação à água (H₂O). Além disso, o cometa demonstra altos níveis de níquel e uma trajetória que não é facilmente explicada apenas pela gravidade do Sol.
"Todo o assunto está contaminado por essa afirmação de que poderia ser uma nave espacial", disse David Jewitt, astrônomo da UCLA. "Então, acho que na mente das pessoas, sim, é uma nave espacial."
A Hipótese da Nave Espacial Alienígena
Avi Loeb argumenta que o tamanho colossal do 3I/Atlas, estimado em mais de 50 bilhões de toneladas, é extremamente improvável para um objeto natural. Ele também sugere que os jatos emitidos pelo cometa poderiam ser, na verdade, propulsores tecnológicos, indicando uma possível origem artificial. Loeb estima entre 30% e 40% as chances de uma origem artificial para o 3I/Atlas.
A Influência dos Raios Cósmicos
Uma nova pesquisa publicada no servidor arXiv levanta a hipótese de que a superfície do 3I/Atlas foi drasticamente alterada por bilhões de anos de bombardeio de raios cósmicos. Essa radiação teria remodelado a camada externa do cometa, apagando traços de sua composição original e dificultando a identificação de sua origem.
Romain Maggiolo, autor principal do estudo, afirmou ao site Live Science: “É muito lento, mas ao longo de bilhões de anos, o efeito é muito forte”, explicando que o que vemos hoje é uma versão moldada por uma jornada através do cosmos. Experimentos em laboratório corroboram a hipótese, indicando que a radiação cósmica converte CO em CO₂, sintetizando crostas ricas em matéria orgânica.
Próximos Passos e Observações Futuras
Nas próximas semanas, os telescópios James Webb e Hubble realizarão novas observações do 3I/Atlas, buscando desvendar seus mistérios e fornecer mais dados para o debate científico. A sonda Jupiter Icy Moons Explorer (JUICE), da Agência Espacial Europeia (ESA), também analisará o objeto. A comunidade científica aguarda ansiosamente os resultados dessas observações para determinar se o 3I/Atlas é um cometa incomum ou algo muito mais extraordinário.
Qual o impacto dessa descoberta?
Independentemente de sua origem, o 3I/Atlas representa uma oportunidade única para a ciência. Se for confirmado como um objeto natural, o estudo de sua composição e características pode fornecer informações valiosas sobre a formação de sistemas planetários fora do nosso. Por outro lado, se a hipótese da nave espacial alienígena se confirmar, as implicações seriam revolucionárias para a humanidade.
Especialistas em comunicação científica ressaltam a importância de despertar a curiosidade científica, mesmo em tópicos como alienígenas, mas enfatizam a necessidade de equilibrar essa curiosidade com a avaliação da probabilidade dos eventos. Afinal, estamos sozinhos no universo?