Bitcoin Atinge Mínima Desde Abril Após Queda de US$ 87 Mil

O mercado de criptomoedas intensificou sua trajetória de queda nesta quinta-feira, com o Bitcoin (BTC) atingindo seu valor mais baixo desde abril, caindo abaixo de US$ 87 mil. A correção ocorre em um momento de desmonte de posições por investidores, tornando o mercado mais suscetível a pressões vendedoras e oscilações acentuadas. A ausência de uma narrativa otimista sustentável e a crescente correlação com outros mercados agravaram a situação, levantando preocupações sobre o impacto em investidores e no mercado de tecnologia.

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Fonte: InfoMoney

Queda Acentuada e Fatores Contribuintes

A queda do Bitcoin, com uma desvalorização de mais de 4%, reflete uma combinação de fatores. James Butterfill, chefe de pesquisa da CoinShares, aponta para vendas em massa por grandes investidores influenciados pelo ciclo de quatro anos, transformando essa visão em uma profecia autorrealizável. Desde setembro, esses investidores venderam mais de US$ 20 bilhões em Bitcoin. Paralelamente, as ações americanas, impulsionadas pela euforia em torno da inteligência artificial, experimentaram volatilidade devido a preocupações com valuations elevados e incertezas sobre a política monetária do Federal Reserve.

Impacto da Liquidação e Angústia Econômica

A recente queda do Bitcoin está intrinsecamente ligada à onda de liquidações de outubro, que eliminou mais de US$ 19 bilhões em posições alavancadas. Esse evento interrompeu o ímpeto do mercado e reduziu a liquidez nas principais plataformas de negociação. Jake Ostrovskis, chefe de negociação da Wintermute, destaca que a incerteza sobre a política monetária do Federal Reserve tem suprimido a disposição dos investidores em assumir riscos, especialmente em ativos de maior risco como o Bitcoin.

Criptomoedas Conquistaram Aceitação, Mas Agora Sofrem

Nos últimos anos, o setor de criptomoedas transformou-se de um alvo de chacotas em um ativo amplamente aceito. Bancos e gestoras lançaram produtos próprios, e as stablecoins ganharam segurança regulatória. Em outubro, o valor de mercado do Bitcoin atingiu um pico de US$ 2,5 trilhões. No entanto, essas vitórias paradoxalmente representam um desafio. Os preços começaram a cair, com o Bitcoin recuando de cerca de US$ 126 mil no início de outubro para cerca de US$ 93 mil atualmente. Para um ativo especulativo, a ausência de uma nova narrativa otimista é um obstáculo significativo.

A Profunda Correlação com Mercados Tradicionais

A maior aceitação das criptomoedas intensificou seus vínculos com outros mercados, ampliando o impacto das quedas. Os ralis do Bitcoin têm sido historicamente associados a narrativas otimistas sobre maior aceitação, como a ampliação do acesso ao trading de cripto por corretoras tradicionais em 2020 e 2021 e a aprovação de ETFs de cripto em 2024. A vitória eleitoral de Donald Trump também impulsionou o Bitcoin. Atualmente, o espaço para aumento de volume de negociação parece limitado, e a dor de um crash cripto será sentida de forma mais ampla do que no passado.

Liquidação em Cadeia e Perda de Valor

A brusca virada nas últimas semanas transformou o Bitcoin em uma das piores classes de ativo em termos de rentabilidade acumulada desde janeiro. O selloff recente resultou em uma queda de quase 30% do Bitcoin desde o pico de 6 de outubro, chegando a ficar abaixo de US$ 90 mil pela primeira vez em sete meses. No ano, a moeda está praticamente no zero a zero, após subir mais de 30%. Outras criptomoedas, como o Ether, também sofreram perdas semelhantes. A perda conjunta do valuation do Bitcoin e de outras moedas digitais superou US$ 1,2 trilhão nas últimas seis semanas, com um recuo de 25% desde o pico em 6 de outubro.

Gatilhos e Expectativas de Juros

A correção coincidiu com um movimento de risk-off nos mercados globais e foi intensificada pela realização de lucros, incerteza macroeconômica e liquidação de posições alavancadas. Um dos gatilhos recentes foi a reversão nas expectativas com relação à trajetória da redução de juros nos EUA. Os traders reduziram suas apostas de que o Federal Reserve cortará a taxa na reunião de 10 de dezembro. Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, explica que o acúmulo relevante de alavancagem perto do topo desencadeou uma liquidação em cadeia, rompendo níveis técnicos importantes e dificultando a recuperação.

O Que Esperar do Futuro do Bitcoin?

Para que o Bitcoin retome uma alta no curto prazo, é necessário algum alívio na percepção do mercado sobre as taxas de juros e liquidez global. Theodoro Fleury, CIO da QR Capital, aponta que a valorização vinha sendo sustentada pelo fluxo nos ETFs e pelas compras maciças da Strategy e outras tesourarias da criptomoeda. No entanto, para continuar emitindo ações e comprar mais moedas, essas empresas precisam que suas empresas estejam avaliadas a um múltiplo maior do que 1 em relação ao estoque de Bitcoin que possuem em tesouraria. Com muitas delas próximas ou abaixo de 1, o fluxo de compra foi interrompido. Além disso, o próximo halving em abril de 2028 pode influenciar a trajetória da moeda. No entanto, questões estruturais da economia global tendem a incentivar a maior adoção do Bitcoin no futuro, embora não se descarte quedas adicionais no curto prazo.

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