A crise envolvendo a contaminação de bebidas destiladas com metanol em São Paulo intensificou-se, levando à suspensão da venda de destilados em clubes de Santos, interdições de bares e um alerta nacional sobre a falsificação de bebidas. O aumento de 25% na falsificação de bebidas destiladas no último ano expõe um mercado ilícito crescente e perigoso.

Fonte: CNN Brasil
Interdições e Suspensões em Santos e São Paulo
Em Santos, dois clubes suspenderam temporariamente a venda de bebidas destiladas seguindo uma recomendação do Sindicato dos Clubes (Sind Clubes). A medida visa proteger os consumidores diante do aumento de casos de intoxicação por metanol no estado. O Clube dos Ingleses & Caiçara e o Tênis Clube de Santos tomaram a iniciativa, com o último estendendo a suspensão ao consumo de destilados trazidos pelos próprios associados.
Na capital, um bar na Mooca foi interditado pela Polícia Civil e Vigilância Sanitária, com garrafas de bebidas destiladas apreendidas para análise. José Rodrigues, o dono do estabelecimento, confirmou ter comprado bebidas de um vendedor de rua, prática que levanta sérias questões sobre a procedência e segurança dos produtos.
A Crise da Falsificação de Bebidas
Dados da Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) revelam um aumento de 25,8% na falsificação de bebidas destiladas de 2023 para 2024. Este crescimento alarmante coloca em risco a saúde dos consumidores e impacta negativamente o mercado legal. A ABBD estima que 33% do mercado de uísque, 27% do de vodca, 18% do de cachaça e 15% do de gin sejam ilegais.
O que motiva esse aumento na falsificação?
A ABBD aponta uma migração do contrabando para a falsificação interna, impulsionada pelas ações de fiscalização nas fronteiras e pela alta do dólar. Apesar da redução de 25,2% nos casos de contrabando e descaminho, a falsificação cresceu quase na mesma proporção, expondo a necessidade de medidas mais rigorosas no combate a esse crime.
Recomendação e Alerta do Ministério da Justiça
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) emitiu uma recomendação urgente aos estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas em São Paulo e regiões próximas. O documento orienta a atenção a itens com lacres tortos, erros de impressão e preços atipicamente baixos, alertando para a suspeita de adulteração. Sintomas como visão turva, dor de cabeça e náusea também devem ser considerados sinais de alerta.
“Bebida quente é difícil comprar. A gente compra diretamente desses caras que vendem na rua, mas são conhecidos”, declarou José Rodrigues, dono do bar interditado na Mooca, à CNN Brasil.
O Perigo do Metanol
O metanol, um álcool industrial usado em solventes, é extremamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ele ataca o fígado, transformando-se em substâncias tóxicas que afetam a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e morte. A Secretaria Estadual de Saúde registrou 37 casos de contaminação em São Paulo, com 10 confirmados e cinco mortes relacionadas à intoxicação.
O que fazer em caso de suspeita de intoxicação?
- Ataxia (falta de coordenação motora)
- Sedação
- Desinibição
- Dor abdominal
- Náuseas e vômitos
- Cefaleia (dor de cabeça)
- Taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos)
- Convulsões
- Visão turva
Em caso de suspeita, é crucial buscar atendimento médico de emergência. O Centro de Controle de Intoxicações (CCI-SP) oferece apoio para diagnóstico e orientação pelos telefones (11) 5012-5311 e 0800 771 3733.
Próximos Passos e Consequências
A Vigilância Sanitária informou que o bar interditado pode responder a processo administrativo e sofrer penalidades que vão de multa a interdição. A Polícia Civil investiga se as bebidas comercializadas no local têm relação com as mortes suspeitas por intoxicação em São Paulo. A ABBD, por sua vez, pressiona por uma legislação mais rigorosa, defendendo a caracterização da falsificação de bebida alcoólica como crime hediondo, dado o seu impacto devastador na saúde pública e na economia.