Em um gesto de protesto, a delegação brasileira, juntamente com representantes de diversos outros países, retirou-se do plenário da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, momentos antes do início do discurso do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nesta sexta-feira (26). A ação, considerada um sinal político de insatisfação, ecoa o crescente descontentamento internacional com as políticas israelenses em relação ao conflito no Oriente Médio e o tratamento da questão palestina.
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Fonte: G1
O Significado do Boicote
De acordo com um embaixador brasileiro, o boicote foi motivado pelo "descumprimento das decisões do Tribunal Penal Internacional e da Corte Internacional de Justiça" por parte de Israel. Adicionalmente, o governo brasileiro considera que, ao tratar o presidente Lula como "persona non grata", não seria apropriado legitimar o discurso de Netanyahu na tribuna da ONU.
"Trata-se de um ato de repúdio", afirmou Celso Amorim, assessor especial da presidência, ao UOL. "Sempre lembrando que isso não tem relação com o povo judeu, que tanto admiramos. E nem com o Estado de Israel, cuja existência não discutimos. Isso tem uma relação com o respeito à população palestina."
Reações Internacionais
A saída em massa não se limitou ao Brasil. Delegações de diversos países árabes, incluindo Turquia, Arábia Saudita, Irã e Qatar, também se ausentaram. Outras nações como Coreia do Sul, Líbano, Austrália, Venezuela, Sri Lanka, Tunísia e Senegal seguiram o mesmo caminho. O gesto demonstra uma crescente pressão internacional sobre Israel em relação à sua conduta no conflito com os palestinos.
O Discurso de Netanyahu
Em seu discurso, Netanyahu afirmou que Israel "destruiu a maior parte da máquina terrorista" do Hamas e busca "finalizar o serviço o mais rápido possível" em Gaza. Ele também criticou o reconhecimento do Estado Palestino por outras nações, argumentando que tal ação incentivaria o terrorismo. Além disso, o primeiro-ministro israelense voltou a negar a existência de um Estado Palestino.
A Transmissão do Discurso em Gaza
Em uma medida controversa, o governo de Netanyahu ordenou que seu discurso fosse transmitido ao vivo para os moradores da Faixa de Gaza. As Forças de Defesa de Israel instalaram alto-falantes em caminhões ao longo do enclave palestino para garantir a veiculação. Segundo o governo israelense, a medida fazia parte de um "esforço de diplomacia pública", com o objetivo de enviar mensagens aos reféns mantidos pelo Hamas.
Reconhecimento do Estado Palestino
A Assembleia Geral da ONU tem sido palco de debates acalorados sobre a questão palestina. Diversos países, incluindo França, Canadá, Reino Unido, Austrália, Portugal, Espanha, Irlanda, Noruega e Eslovênia, formalizaram o reconhecimento do Estado Palestino nas últimas semanas, em um movimento que visa pressionar por uma solução de dois Estados.
O Conflito em Gaza
A guerra em Gaza, que já se arrasta por quase dois anos, resultou em um número alarmante de vítimas. Mais de 65 mil pessoas perderam a vida, incluindo um número significativo de civis. A situação humanitária na Faixa de Gaza é crítica, com relatos de fome e escassez de recursos básicos. A comunidade internacional tem instado por um cessar-fogo imediato e pelo fim da violência.
A atitude do Brasil e de outras nações na ONU demonstra uma mudança no cenário diplomático global, com um crescente apoio à causa palestina e uma pressão cada vez maior sobre Israel para que respeite o direito internacional e busque uma solução pacífica para o conflito.