Avião russo em Brasília: suspeitas e questionamentos
Um avião cargueiro Ilyushin IL-76 russo, operado pela Aviacon Zitotrans – empresa sancionada pelos EUA desde 2023 por transportar cargas suspeitas para a Venezuela – pousou na Base Aérea de Brasília entre 10 e 13 de agosto. O ocorrido gerou questionamentos sobre a natureza da carga e o objetivo da escala no Brasil, sem que o governo brasileiro tenha divulgado informações detalhadas.
A aeronave, após deixar Brasília, seguiu para a Bolívia e, posteriormente, para Caracas, na Venezuela. O deputado general Girão (PL-RN) levantou hipóteses sobre a carga, mencionando a possibilidade de armamentos, mísseis estratégicos e até mercenários. Ele questionou a falta de transparência e a ausência de autorização do Congresso para a entrada de uma aeronave de tal porte no país. Girão afirmou: "E se o avião estiver levando armas para a Venezuela que um dia podem ser usadas contra o Brasil?"
Investigação e repercussão
A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou a passagem do avião, mas se recusou a divulgar informações sobre a carga ou a tripulação, alegando que apenas o operador do voo possui tais dados. A Anac informou que a última autorização de operação não regular para a Aviacon Zitotrans expirou em abril de 2023, sem renovação. O senador Marcio Bittar (União-AC) solicitou esclarecimentos aos ministros das Relações Exteriores e da Defesa sobre o ocorrido, questionando quem autorizou a entrada da aeronave e qual era o objetivo da operação. Bittar declarou: "Essa complacência não é neutralidade, é cumplicidade."
Possíveis desdobramentos
O episódio gerou preocupações sobre as implicações diplomáticas com os Estados Unidos, considerando as sanções impostas à Aviacon Zitotrans. A Embaixada dos EUA no Brasil pode solicitar esclarecimentos ao Itamaraty. O caso também levanta questões sobre a política externa brasileira em relação à Rússia e a transparência do governo em lidar com eventos de segurança nacional. O voo partiu de Moscou em 7 de agosto, com escalas em Baku (Azerbaijão), Argel (Argélia) e Conacri (Guiné), este último utilizado pelo grupo mercenário russo Africa Corps.
A falta de informações oficiais deixa em aberto a possibilidade de interpretações diversas, e o episódio certamente terá desdobramentos políticos e diplomáticos nos próximos dias.
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