Guilherme Boulos assume a Secretaria-Geral da Presidência com a missão de fortalecer a ligação entre o governo e a sociedade civil, conforme anúncio feito pelo presidente Lula nesta segunda-feira (20). O novo ministro, que substitui Márcio Macêdo, terá como focos principais 'colocar o governo na rua', aprimorar o diálogo com trabalhadores de aplicativos e impulsionar o debate sobre o fim da escala 6x1.
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Fonte: G1
Quais são os desafios de Boulos no governo Lula?
Segundo fontes palacianas, Lula busca em Boulos uma peça-chave para coordenar informalmente a campanha de 2026, somando-se aos ministros Gleisi Hoffmann e Sidônio Palmeira. A escolha, no entanto, é vista por alguns partidos de centro como um afastamento de eleitores fora da base petista, devido à imagem de Boulos como um radical de esquerda. Boulos pretende montar uma equipe plural, integrando nomes da Frente Povo Sem Medo, do MTST e de outros grupos políticos, como o MST.
A regulamentação dos trabalhadores de aplicativos
Um dos temas prioritários para Boulos é a regulamentação do trabalho por aplicativos, um ponto em que o governo Lula enfrentou dificuldades. A proposta anterior, vista como limitadora pelos trabalhadores, será revista. O novo projeto, articulado por Boulos, busca garantir remuneração mínima, seguro obrigatório e transparência nos algoritmos, mantendo a flexibilidade e assegurando direitos básicos. A expectativa é que a matéria seja votada em breve, com potencial para ser um trunfo nas próximas eleições.
"Colocar o governo na rua": O que isso significa?
Até 2026, Boulos planeja viajar por todos os estados brasileiros, divulgando as pautas do governo e atuando como uma extensão do presidente Lula, que precisa conciliar compromissos internos e viagens internacionais. Essa estratégia visa aproximar o governo das bases populares, em um momento de críticas sobre o distanciamento do Planalto em relação às demandas da sociedade.
O fim da escala 6x1 e o engajamento popular
Outra missão importante é popularizar o fim da escala 6x1, uma demanda dos trabalhadores que ganhou força com o apoio de influenciadores. Apesar de uma PEC sobre o tema tramitar na Câmara, o apoio ainda é insuficiente. Boulos buscará mudar essa correlação de forças, transformando a pauta em uma bandeira da campanha de Lula em 2026.
Qual o impacto da nomeação de Boulos no cenário político?
A nomeação de Boulos também é vista como um rompimento com a estratégia de aproximação ao Centrão, consolidando uma guinada à esquerda do governo. Lula parece focar em fortalecer seu próprio campo ideológico, com implicações diretas no cenário eleitoral de São Paulo, onde Boulos sempre foi um nome de destaque. Sua ida para o Planalto alivia a pressão sobre o PT paulista e enfraquece o PSOL, que perde uma liderança com grande potencial de votos.
O futuro da esquerda e a sucessão de Lula
Analistas políticos apontam que a movimentação de Lula com a nomeação de Boulos reflete uma preocupação com a sucessão presidencial em 2030. Boulos, ao integrar o governo, entra na disputa, que já conta com nomes como Fernando Haddad. A estratégia de Lula também é vista como uma forma de oxigenar o PT, que hoje carece de lideranças além do próprio presidente. Será que essa estratégia trará os resultados esperados?