Crise Ambipar: Ações Despencam e Confiança Abismada

As ações da Ambipar sofreram um duro golpe, com queda de mais de 60% em um único dia, refletindo uma profunda crise de confiança em relação ao caixa da empresa. A derrocada acionária ocorre em meio a questionamentos sobre a saúde financeira da multinacional de gestão ambiental e levanta dúvidas sobre sua capacidade de honrar compromissos financeiros.

O Epicentro da Crise

A crise se intensificou após a Ambipar obter uma liminar na Justiça do Rio de Janeiro para se proteger de execuções de dívidas, um movimento que a agência de classificação de risco S&P Global Ratings interpretou como um possível calote, rebaixando a nota de crédito da empresa para o nível mais baixo, "D" (default). Essa medida judicial foi tomada após o desempenho abaixo do esperado dos green bonds, títulos de dívida verdes, levando a empresa a buscar proteção contra a cobrança de credores.

Debandada no Alto Escalão

A situação se agravou com a saída de importantes executivos da empresa, incluindo o diretor financeiro, o diretor de relações com investidores e o diretor jurídico global, poucos dias antes da obtenção da liminar. O rombo financeiro estimado pela companhia é de mais de R$ 10 bilhões, com contratos financeiros contendo cláusulas de vencimento cruzado (cross-default), o que poderia acarretar um grave risco de insolvência imediata para o grupo.

A Visão do Mercado

Apesar de a Ambipar ter divulgado possuir mais de R$ 2,5 bilhões em caixa e outros R$ 2 bilhões em fundos resgatáveis em um curto prazo, o mercado demonstra crescente desconfiança. A contratação da BR Partner para assessorar a empresa durante a crise, com o objetivo de evitar uma recuperação judicial, não parece ter surtido o efeito desejado na confiança dos investidores.

Desconfiança Aumenta

Um dos fundos de recebíveis onde a Ambipar alega guardar parte do caixa apresentou perdas na rentabilidade e aumento das provisões contra calotes, conforme reportado pelo Pipeline, site de negócios do Valor Econômico. Essa informação, somada à captação de R$ 1,2 bilhão e a duas mudanças de nome em um curto período, intensificou a desconfiança dos investidores.

Deutsche Bank Questiona a Narrativa da Ambipar

O Deutsche Bank questionou a "narrativa espetaculosa" da Ambipar, contestando as alegações da empresa sobre as operações de derivativos. Segundo o banco, a Ambipar estava em dia com as chamadas de margem até a última cobrança, quando decidiu alegar que as chamadas seriam ilegítimas. O banco alemão também negou ser credor da Ambipar no valor de US$ 550 milhões, como alegado na petição inicial da empresa.

Qual o Futuro da Ambipar?

A crise de confiança na Ambipar levanta sérias questões sobre o futuro da empresa e sua capacidade de se recuperar. A empresa enfrenta o desafio de restaurar a credibilidade junto aos investidores e credores, além de lidar com as investigações em curso. A transparência e a demonstração de solidez financeira serão cruciais para a Ambipar superar esse momento turbulento.
Diante desse cenário, resta saber se a Ambipar conseguirá reverter a situação e evitar um desfecho ainda mais drástico. A resposta para essa pergunta dependerá da capacidade da empresa de apresentar um plano de reestruturação convincente e de recuperar a confiança do mercado.

Outros Aspectos da Crise

  • Pedido de Proteção Judicial: A Ambipar solicitou proteção judicial contra credores de quase R$ 3 bilhões.
  • Investigação da CVM: A empresa enfrenta investigações sobre uma suspeita de aumento de 3.000% no passado.
  • Contratos de Swap Cambial: O Deutsche Bank questiona a versão da Ambipar sobre os contratos de swap cambial e as chamadas de margem.
As ações da Ambipar recuaram 61,48% e terminaram a sessão cotadas a R$ 2,75, na mínima histórica.
O cenário é complexo e exige atenção para os próximos capítulos desta crise que impacta o mercado financeiro e a reputação da Ambipar. A empresa precisará demonstrar resiliência e transparência para superar este momento desafiador.
Postagem Anterior Próxima Postagem