Campo Grande: Atraso de R$9 milhões causa paralisação de ônibus

Campo Grande amanheceu com o transporte coletivo paralisado nesta quarta-feira (22/10/2025) devido a um atraso de R$ 9 milhões no repasse de verbas para o Consórcio Guaicurus, responsável pelo serviço. A paralisação, que durou cerca de 1h30, entre 5h e 6h30, expôs um impasse financeiro entre a prefeitura e o consórcio, levando a discussões sobre a criação de um fundo municipal de mobilidade.

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Fonte: G1

Entenda o Impasse Financeiro

O principal motivo da paralisação foi o não pagamento do adiantamento salarial aos motoristas por parte do Consórcio Guaicurus, que alega a falta de repasse da prefeitura. Dos R$ 9 milhões devidos, R$ 6 milhões são referentes a repasses do Governo do Estado que estão retidos devido a pendências fiscais da prefeitura, impedindo a transferência direta ao consórcio. Os outros R$ 3 milhões são de verbas municipais, totalizando o valor travado relacionado às gratuidades no transporte público.

Fundo Municipal de Mobilidade

Diante da crise, vereadores de Campo Grande anunciaram um projeto de lei para criar um Fundo Municipal de Mobilidade e Trânsito. A proposta visa reunir recursos de diversas fontes, como multas de trânsito e parquímetros, para garantir o financiamento do sistema de transporte coletivo. A criação do fundo permitiria que recursos do Governo do Estado fossem repassados diretamente ao consórcio, sem a necessidade de intermediação da prefeitura, contornando o problema das certidões fiscais negativas. O presidente da Câmara, vereador Papy (PSDB), afirmou que o projeto será apresentado ainda nesta semana, buscando garantir mais segurança para os usuários do transporte público.

Repercussão e Reações

A paralisação pegou muitos usuários de surpresa, causando transtornos e elevando os preços de aplicativos de transporte. O Consórcio Guaicurus alegou enfrentar severas restrições financeiras devido ao não repasse dos valores, mencionando desequilíbrio estrutural e defasagem tarifária. A prefeitura, por sua vez, informou que mantém diálogo com o consórcio para apurar as causas da interrupção e adotar medidas para evitar novas ocorrências.

Próximos Passos e Ameaça de Greve

Os vereadores solicitaram uma reunião emergencial com a prefeita Adriane Lopes (PP), representantes do consórcio e do sindicato dos motoristas para buscar uma solução rápida. O sindicato convocou uma assembleia para o dia 27 de outubro, com a possibilidade de suspensão do serviço por 72 horas caso não haja acordo. Demétrio de Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande, alertou para a possibilidade de greve por tempo indeterminado caso não haja garantia de pagamento dos salários em novembro. Segundo ele, o atraso no pagamento do vale, da ordem de R$ 1,3 mil, atingiu cerca de mil trabalhadores. O impasse reacende o debate sobre o financiamento do transporte público e a necessidade de previsibilidade nos repasses.

Reajuste da Tarifa em Discussão

A crise no transporte coletivo coincide com as reivindicações dos empresários por um reajuste na tarifa, atualmente em R$ 4,95. Os empresários pleiteiam um aumento de 26%, elevando a tarifa para R$ 6,17. A justiça já acatou o pedido no qual os empresários alegam que o valor correto da passagem deveria ser de R$ 7,79. A prefeitura e o Governo do Estado concedem subsídios ao consórcio para ajudar a manter o serviço em funcionamento. Em 2024, os empresários receberam R$ 29,7 milhões para cobrir os gastos com o transporte de estudantes, além de isenção de ISS, representando pelo menos mais R$ 12 milhões anuais.

Impacto na Rotina da População

A paralisação dos ônibus impactou significativamente a rotina dos moradores de Campo Grande. Muitos passageiros relataram dificuldades para chegar ao trabalho e outros compromissos, e o uso de aplicativos de transporte se tornou mais caro devido ao aumento da demanda. A situação expõe a dependência da população em relação ao transporte público e a necessidade de soluções para garantir a continuidade e a qualidade do serviço. Será que a criação do fundo municipal de mobilidade será a solução definitiva para evitar novas paralisações e garantir um transporte público eficiente para a população?

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