O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi condenado nesta quinta-feira a cinco anos de prisão, com pena suspensa, por associação criminosa no caso de financiamento ilegal de sua campanha de 2007 com dinheiro da Líbia. Apesar da condenação, Sarkozy foi absolvido das acusações de corrupção e financiamento ilegal de campanha. Ele anunciou que recorrerá da decisão.

Fonte: Le Figaro
A Decisão do Tribunal
O Tribunal de Paris considerou que Sarkozy, então ministro e presidente da UMP (atual partido Os Republicanos), permitiu que seus colaboradores e apoiadores políticos buscassem apoio financeiro na Líbia de Muammar Kadhafi para sua campanha de 2007. A presidente do tribunal, Nathalie Gavarino, declarou que Sarkozy tinha autoridade sobre esses colaboradores e que eles agiram em seu nome.
Reações à Condenação
A condenação gerou diversas reações na França. Geoffroy Didier, vice-presidente de Os Republicanos, criticou a decisão, afirmando que não houve enriquecimento pessoal nem pacto de corrupção. Éric Ciotti, presidente da União das Direitas para a República, manifestou apoio a Sarkozy, considerando a pena extremamente severa. Carla Bruni, esposa de Sarkozy, publicou uma mensagem em suas redes sociais com a frase "Love is the answer" (Amor é a resposta) e a hashtag "o ódio não prevalecerá".
Apelação e Prisão
Sarkozy anunciou que irá recorrer da condenação. Ele afirmou que, se for necessário, irá para a prisão, mas que manterá a cabeça erguida, pois se considera inocente. Seu advogado, Christophe Ingrain, também criticou a decisão, alegando falta de provas.
Outros Condenados
Claude Guéant e Brice Hortefeux
Além de Sarkozy, outros envolvidos no caso também foram condenados. Claude Guéant, ex-diretor de gabinete de Sarkozy, foi condenado a seis anos de prisão por corrupção passiva, uso de documentos falsos e tráfico de influência. Brice Hortefeux, ex-ministro, foi condenado a dois anos de prisão por associação criminosa. Ambos também recorrerão das decisões.
Alexandre Djouhri e Wahib Nacer
O empresário Alexandre Djouhri, intermediário entre o entorno de Sarkozy e a Líbia, foi condenado a seis anos de prisão. O banqueiro Wahib Nacer recebeu uma pena de quatro anos de prisão e uma multa de 2 milhões de euros.
"O que aconteceu hoje, nesta sala do tribunal correcional, é de uma gravidade extrema para o Estado de direito, a confiança que se pode ter na justiça", declarou Sarkozy após a condenação.
O que motivou a investigação?
A investigação teve início com alegações de que Sarkozy teria favorecido o retorno da Líbia ao cenário internacional e se comprometido a absolver o cunhado de Kadhafi, Abdallah Senoussi, condenado à prisão perpétua pelo atentado ao voo DC-10 da UTA em 1989. Apesar das acusações, o tribunal não encontrou provas de que o financiamento líbio tenha chegado à campanha de 2007 de Sarkozy.
O Legado e o Futuro
A condenação de Nicolas Sarkozy, um dos políticos mais proeminentes da França nas últimas décadas, marca um capítulo sombrio em sua carreira. Resta saber como essa decisão impactará o futuro político do país e a percepção pública sobre a integridade dos líderes políticos. O processo de apelação promete ser longo e complexo, com potenciais desdobramentos significativos para todos os envolvidos. A Justiça francesa continua a investigar a fundo as alegações de financiamento ilegal, buscando esclarecer todos os aspectos desse caso que abala a política francesa.