A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que visava condicionar processos criminais contra congressistas à autorização do Congresso, foi rejeitada pelo Senado, gerando tensões entre as casas legislativas e incertezas sobre acordos futuros. A decisão unânime da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado de considerar a PEC inconstitucional levou ao seu arquivamento, intensificando o conflito entre Câmara e Senado e fragilizando a relação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com seus aliados e opositores.

Fonte: Folha de S.Paulo
Rejeição Unânime e Consequências Políticas
A PEC foi derrubada por unanimidade na CCJ do Senado, com 26 senadores votando contra a proposta. Senadores como Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da matéria, argumentaram pela inconstitucionalidade da PEC, enquanto outros, como Sérgio Moro (União Brasil-PR), tentaram, sem sucesso, mitigar a proposta, restringindo a autorização prévia a crimes contra a honra ou de fala. A rejeição unânime, conforme a CNN Brasil, abre caminho para o arquivamento da proposta pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Impacto na Relação entre Câmara e Senado
Aprovada com expressiva maioria na Câmara (344 votos a 133), a PEC gerou forte reação no Senado, com relatos de que Alcolumbre sequer atendeu a ligações de Motta após o envio do texto para a CCJ. Segundo a Folha de S.Paulo, líderes partidários relatam que a relação com Motta está abalada, e que sua autoridade à frente do plenário é contestada internamente.
Acusações e Desconfianças
O conflito se estende para além da relação institucional, com acusações de acordos não cumpridos entre Motta e partidos de esquerda e direita. A pauta da urgência para a anistia, que teria sido trabalhada por Motta em reação ao voto do PT contra a PEC, intensificou a desconfiança mútua. O líder do PP, deputado Doutor Luizinho (RJ), aliado próximo de Motta, criticou o "comportamento errático" de Alcolumbre e do Senado, exigindo garantias de efetividade nas decisões da Câmara.
O Futuro da Anistia e Redução de Penas
A crise instaurada pela PEC da Blindagem lança dúvidas sobre a possibilidade de um acordo para a redução de penas dos condenados pelos atos golpistas. Parlamentares expressam desconfiança de que o Senado trave a proposta aprovada na Câmara, e o próprio Motta enfrenta um impasse, comprometido com ministros do STF a não aprovar uma anistia, mas pressionado pelo centrão para avançar com o projeto. A pressão das redes sociais também se mostra um fator crucial, com deputados relatando perdas significativas de seguidores por posicionamentos favoráveis à PEC.
Pressão Externa e Sanções Internacionais
O cenário político se complica ainda mais com as sanções aplicadas pelo governo Donald Trump ao entorno do ministro Alexandre de Moraes, relator no STF dos processos contra os atos golpistas. A medida, que atingiu a esposa de Moraes e uma empresa familiar, gera incertezas sobre o andamento das negociações e a possibilidade de aprovação de qualquer projeto relacionado à anistia ou redução de penas. Deputados avaliam que é necessário esperar a repercussão das sanções para retomar as negociações.
Qual o Próximo Capítulo?
Diante deste cenário de incertezas, o futuro da anistia e da redução de penas permanece indefinido. A fragilidade da relação entre Câmara e Senado, a desconfiança mútua entre os parlamentares e a pressão externa impõem desafios significativos para a construção de um acordo. Resta saber se os líderes políticos conseguirão superar as divergências e encontrar um caminho que pacifique o país, ou se a crise persistirá, aprofundando as divisões no Congresso Nacional.
O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, afirmou que a PEC será arquivada em observação às normas do regimento interno, após ser considerada inconstitucional por unanimidade na CCJ. Segundo a Agência Brasil, Alcolumbre tomou a decisão na abertura dos trabalhos da Casa.
Votação na CCJ
- Alessandro Vieira (MDB-SE): Relator que apresentou parecer pela inconstitucionalidade.
- Sérgio Moro (União Brasil-PR): Apresentou emenda para restringir a autorização prévia.
- Fabiano Contarato (PT): Destacou que a liberdade de expressão não deve ser usada para cometer crime.
- Humberto Costa (PT): Cobrou a conta da Câmara pela aprovação inicial da PEC.
A PEC da Blindagem previa a necessidade de autorização prévia da Câmara ou do Senado, por meio de voto secreto, para processar criminalmente deputados e senadores.
Senadores Ausentes na Votação
- Marcos Rogério (PL-RO)
- Weverton (PDT-MA)
- Ciro Nogueira (PP-PI)
- Mecias de Jesus (Republicanos-RR)
- Vanderlan Cardoso (PSD-GO) (licenciado)
A rejeição da PEC reacendeu debates sobre a relação entre os poderes e os limites da imunidade parlamentar. A discussão sobre o tema deve continuar nos próximos meses, com a possível apresentação de novas propostas e a busca por um consenso que garanta a independência do Congresso sem comprometer a responsabilização por eventuais crimes cometidos por seus membros.