Morre Silvio Tendler, gigante do documentário brasileiro

O renomado documentarista brasileiro Silvio Tendler faleceu nesta sexta-feira (5), aos 75 anos, no Rio de Janeiro, vítima de uma infecção generalizada. Ele estava internado no Hospital Copa Star, em Copacabana.

Trajetória de um cineasta icônico

Conhecido como o “cineasta dos sonhos interrompidos”, Tendler construiu uma carreira brilhante ao longo de mais de cinco décadas, produzindo e dirigindo mais de 70 filmes e 12 séries televisivas. Sua obra se destacou pelo engajamento político e pela preservação da memória histórica brasileira, abordando figuras como João Goulart, Juscelino Kubitschek e Carlos Marighella.

Obras marcantes

Entre seus trabalhos mais aclamados estão os documentários “Jango”, “Os Anos JK – Uma Trajetória Política” e “Utopia e Barbárie”, que retratam momentos cruciais da história nacional. Seu filme sobre João Goulart, inclusive, alcançou a marca de um milhão de espectadores, um feito expressivo para o gênero.

Tendler também dirigiu “O Mundo Mágico dos Trapalhões”, alcançando um sucesso ainda maior na bilheteria de documentários.

Formação e Exílio

Nascido no Rio de Janeiro em 1950, Tendler iniciou sua trajetória no movimento cineclubista na década de 1960. Durante a ditadura militar, exilou-se no Chile e na França, onde se formou em História e fez mestrado em Cinema e História.

Legado e reconhecimento

Seu trabalho rendeu inúmeros prêmios, incluindo o Troféu Margarida de Prata e o Prêmio Salvador Allende. Além do reconhecimento artístico, Tendler também se envolveu em atividades políticas e acadêmicas, lecionando na PUC-Rio desde 1979.

Seu legado transcende o cinema, influenciando gerações de cineastas e ativistas culturais. A sua obra contribuiu decisivamente para a preservação da memória política brasileira e para o fortalecimento do documentário como instrumento de reflexão e resistência.

O velório será realizado no domingo (7), às 11h, no Cemitério Israelita do Caju.