O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, protagonizaram um inesperado momento de aproximação na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Trump elogiou Lula, mencionando uma "química excelente" e sugerindo um encontro na próxima semana. O aceno ocorre em meio a tensões comerciais e críticas dos EUA ao sistema judiciário brasileiro.
Fonte: CNN Brasil
Repercussão e Estratégias Políticas
Apesar do tom amistoso de Trump, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizaram o gesto, interpretando-o como uma estratégia para pressionar Lula a negociar. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chegou a mencionar sanções à esposa do ministro Alexandre de Moraes, do STF, como um recado claro.
"Para quem conhece as estratégias de negociação de Donald Trump, nada do que aconteceu foi surpresa. Ele fez exatamente o que sempre praticou: elevou a tensão, aplicou pressão e, em seguida, reposicionou-se com ainda mais força à mesa de negociações." - Eduardo Bolsonaro, Deputado Federal (PL-SP).
Internamente, o governo brasileiro vê a aproximação de Trump com otimismo, interpretando-a como uma tentativa real de estreitar laços com o Brasil. No entanto, embaixadores e interlocutores próximos a Lula defendem cautela.
Possível Encontro e Temores
Interlocutores do governo confirmaram à CBN que Lula e Trump concordaram em conversar na próxima semana. O formato do diálogo ainda não foi definido. Há receios quanto aos possíveis impactos de um encontro direto, considerando o histórico de Trump em interações com líderes estrangeiros, como o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Críticas e Defesas na ONU
Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, Lula fez críticas veladas, interpretadas como recados a Trump, sem mencioná-lo nominalmente. Defendeu a soberania brasileira e condenou a agressão contra o Poder Judiciário. Lula também reiterou que a democracia e a soberania do Brasil são inegociáveis.
O que esperar do encontro?
Ainda é incerto o que motivou a mudança de postura de Trump, mas o encontro entre os dois líderes pode sinalizar uma nova fase nas relações entre Brasil e Estados Unidos. A declaração de Trump de que o Brasil "vai continuar se dando mal" se não trabalhar em parceria com os Estados Unidos, demonstra que o ex-presidente pretende ter uma postura de imposição com o Brasil. Resta saber se Lula cederá à pressão.
O discurso de Lula na ONU
Lula também criticou medidas unilaterais e arbitrárias contra o país e sua economia. Em seu discurso, o presidente condenou o genocídio em Gaza e defendeu a criação do Estado palestino. Além disso, Lula cobrou mais ambição dos países ricos em relação à crise climática e defendeu a necessidade de rever os padrões de tributação global.
O discurso completo de Lula na abertura do Debate Geral da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas está disponível no site do Planalto.
Bolsonaro e as Sanções Americanas
Para bolsonaristas, que veem nas sanções americanas aplicadas ao Brasil uma saída para livrar Bolsonaro da condenação, Trump força Lula a negociar.
À CNN, sob reserva, aliados de Bolsonaro dizem que Trump criou um problema para Lula e que ainda ironizou dizendo que o Brasil não tem como ir longe sem os EUA.
Impacto e Perspectivas Futuras
A possível conversa entre Lula e Trump levanta questões sobre o futuro das relações bilaterais e a postura do Brasil diante das pressões externas. Será que a aproximação sinaliza uma mudança na política externa brasileira? As próximas semanas serão cruciais para entender os desdobramentos desse encontro.
O futuro das relações entre Brasil e EUA permanece incerto. Resta aguardar os próximos capítulos dessa aproximação.