Careca do INSS Nega Envolvimento em Fraudes e Justifica Acusações

Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, negou em depoimento à CPMI do INSS as acusações de participação em desvio de dinheiro da folha de pagamento dos aposentados. Ele atribuiu encontros com políticos a coincidências, a aproximação com o senador Weverton Rocha a tratamentos com cannabis, e a posse de carros de luxo a uma paixão pessoal. A sessão ocorreu na manhã desta quinta-feira (25), onde Antunes rejeitou o apelido e alegou ser vítima de uma narrativa da imprensa e adversários políticos.

Justificativas e Coincidências

Antunes afirmou que a alcunha “Careca do INSS” é um rótulo criado e que informações falsas foram disseminadas. Ele mencionou o advogado Eli Cohen, responsável por revelar o escândalo, como o criador da narrativa. Em relação ao almoço na casa do senador Weverton Rocha, Antunes explicou que o encontro foi para tratar de questões relacionadas à cannabis, pois representava uma marca internacional de produtos à base da planta. Ele conheceu uma assessora do senador em um evento da PRF sobre autismo, onde discutiram a falta de medicamentos derivados da cannabis. “Foi essa a aproximação. Coincidência? Mera coincidência”, declarou.

Aumento Patrimonial e Veículos de Luxo

Questionado sobre o aumento de seu patrimônio em R$ 14 milhões em menos de três meses em 2024, Antunes atribuiu o fato ao seu trabalho. Ele também justificou a posse de 14 veículos de alto valor, apreendidos durante a operação da Polícia Federal, alegando ter uma empresa de comércio e locação de automóveis e negou qualquer tentativa de ocultar bens. “Eu tenho uma empresa de comércio e locação. Veículos que foram encontrados na minha posse, de fulano, de A, de B, de C... Isso é fato. Eu gosto de carros, eu gosto de máquinas”, afirmou. Sobre a Ferrari apreendida em Brasília, ele comentou que seu filho se aproximou do veículo por ser um jovem de 21 anos que se impressionou com o carro.

Relação com Associações e Descontos Indevidos

Antunes negou envolvimento com descontos indevidos nos benefícios de aposentados, atribuindo a responsabilidade às associações. Ele explicou que começou a atuar na área em 2017 para vender um aplicativo que facilitaria a relação entre associações e associados, ofertando serviços como descontos em farmácias, auxílio-funeral e seguros de vida. No entanto, afirmou que não recrutava associados e nem acessou o sistema do INSS. Para ele, podem ter ocorrido “falhas” no sistema devido às fragilidades de fiscalização do INSS e vazamentos de cadastros e senhas. Contudo, considerou muito altas as estimativas de descontos indevidos de mais de 90% do total.

Contradições e Próximos Passos

O senador Fabiano Contarato apresentou um documento que comprovava que Antunes tinha amplos poderes para celebrar aditivos contratuais com a Ambec, contradizendo as declarações do empresário. O relator da CPMI, Alfredo Gaspar, considerou o depoimento de Antunes como "revestido de mentiras" e afirmou que ele está no epicentro do maior roubo aos aposentados e pensionistas do Brasil. O deputado Paulo Pimenta sugeriu uma acareação entre o advogado Eli Cohen e Antonio Carlos Antunes. Além disso, a CPMI aprovou a quebra dos sigilos fiscal e bancário do advogado Nelson Wilians, investigado por suposto envolvimento no esquema, e pediu ao STF a prisão preventiva de Wilians.

Repercussões e Implicações

As investigações da CPMI revelam um esquema complexo e multifacetado de desvio de recursos de aposentados e pensionistas, com diversas figuras envolvidas e diferentes linhas de apuração. A busca pela verdade e a responsabilização dos envolvidos continuam, com a possibilidade de novas convocações, acareações e medidas judiciais. O caso expõe a vulnerabilidade do sistema previdenciário e a necessidade de aprimorar os mecanismos de fiscalização e controle para proteger os direitos dos beneficiários.

O que esperar?

Com a aprovação da quebra de sigilo de Nelson Wilians e o pedido de prisão preventiva ao STF, a CPMI intensifica a pressão sobre os suspeitos e busca aprofundar as investigações. Novas revelações podem surgir e outros envolvidos podem ser identificados. O desfecho do caso terá um impacto significativo na percepção da sociedade sobre a integridade do sistema previdenciário e a eficácia das instituições de controle.

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