O feriado de 9 de Julho em São Paulo, que marca os 93 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, é celebrado com desfiles e homenagens, mas seu significado histórico permanece em debate. O evento, ocorrido entre maio e outubro de 1932, opôs o estado de São Paulo ao governo provisório de Getúlio Vargas, motivado por disputas políticas e econômicas, além da exigência por uma nova Constituição.
Uma Guerra Civil Ressignificada
Embora militarmente derrotada, a Revolução Constitucionalista é vista por muitos paulistas como um símbolo de luta pela democracia e um marco na identidade paulista. Historiadores como Paulo Henrique Martinez, da Unesp, apontam para uma 'compensação psicológica e política', com a construção de um discurso que buscava apropriar-se dos resultados do conflito, como a convocação de uma Assembleia Constituinte. A narrativa de uma luta vitoriosa, apesar da derrota militar, foi cuidadosamente construída ao longo das décadas, perpetuada por monumentos como o Obelisco do Ibirapuera e a nomenclatura de ruas e escolas.
Perspectivas Divergentes
Entretanto, a interpretação heroica do evento não é unânime. O historiador Marco Antonio Villa, da Ufscar, critica a falta de conhecimento da população sobre o significado do feriado. Ele enfatiza a importância da pauta constituinte como o verdadeiro legado do movimento, contrapondo-se à visão que o apresenta como uma tentativa de restaurar o poder da oligarquia cafeeira. Outros historiadores, como Victor Missiato, do Instituto Presbiteriano Mackenzie, destacam a complexidade do conflito, observando a coexistência de narrativas heroicas e versões que o interpretam como uma revolta regional. A discussão envolve a construção da memória histórica e a identidade paulista, com o mito fundador frequentemente utilizado em discursos políticos.
Celebrações e Debates Contemporâneos
Em 2025, o feriado foi marcado por um desfile de viaturas com a presença do governador Tarcísio de Freitas, o prefeito Ricardo Nunes e o secretário de segurança Guilherme Derrite. O evento incluiu homenagens a familiares dos combatentes e a apresentação de equipamentos das forças de segurança. Apesar da celebração oficial, debates sobre a pertinência de comemorar uma guerra civil perdida persistem, especialmente em tempos de polarização política. A Revolução Constitucionalista continua a ser objeto de estudos e interpretações divergentes, revelando a complexidade da construção da memória histórica e da identidade nacional.
A questão levanta debates sobre como sociedades lidam com seus traumas históricos e constroem narrativas nacionais. O 9 de Julho, portanto, transcende a simples comemoração de um feriado, representando um complexo entrelaçamento de memória, identidade e política.
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