O mundo da alta gastronomia está enfrentando um inimigo silencioso e cada vez mais sofisticado: a fraude em reservas de restaurantes. Restaurantes de luxo em Nova York estão sofrendo perdas significativas devido a um esquema de chargebacks, onde reservas pré-pagas são feitas com cartões de crédito roubados, e os estabelecimentos ficam com o prejuízo. Esse problema, que vem crescendo exponencialmente nos últimos seis meses, está afetando principalmente restaurantes japoneses de alto padrão, com poucos lugares e margens de lucro reduzidas.
O esquema funciona da seguinte maneira: criminosos adquirem cartões de crédito roubados, fazem reservas pré-pagas em restaurantes de luxo através de plataformas como Resy e OpenTable, e então revendem essas reservas por preços menores em plataformas como Instagram e Red. Os restaurantes, sem suspeitar de nada, servem os clientes, mas semanas depois recebem a notificação de chargeback, tendo que devolver o valor total da reserva. A situação é agravada pelo fato de que os bancos, na maioria das vezes, dão razão ao titular do cartão roubado, deixando os restaurantes com perdas significativas, incluindo as taxas de processamento de cartão e impostos sobre vendas que nunca foram efetivamente recebidas.
Bobby Kwak, proprietário do premiado restaurante Nōksu, relata perdas de dezenas de milhares de dólares. Howard Chang, do Sushi Ichimura, teve prejuízos de US$ 10.000 em apenas um mês. Emiko Murakami, do Icca, viu o número de chargebacks aumentar drasticamente de três em 2022 para dez em 2025. Até mesmo restaurantes recém-abertos, como o Jō, já foram vítimas desse golpe.
As consequências vão além do prejuízo financeiro direto. Os restaurantes precisam dedicar tempo e recursos para disputar os chargebacks, reunindo provas como vídeos e comprovantes de pagamento. A perda de tempo é crucial, pois os donos precisam lidar com a burocracia e a frustração de ver seus esforços e investimentos serem comprometidos por fraudes. Além disso, a necessidade de verificar a identidade dos clientes e o número do cartão de crédito pode gerar constrangimentos e afetar a experiência dos clientes legítimos.
As plataformas de reservas, como Resy e OpenTable, estão cientes do problema e afirmam estar tomando medidas para combatê-lo, incluindo investigações de padrões de fraudes e bloqueio de usuários suspeitos. No entanto, os restaurantes se sentem desamparados, pois as medidas parecem insuficientes. A Tock, plataforma adquirida pela Resy, oferece uma proteção de US$ 25.000 por ano contra chargebacks, demonstrando que soluções mais robustas são possíveis. Os bancos e processadores de pagamento também têm um papel crucial na prevenção da fraude, mas não estão colaborando como seria necessário.
A situação é alarmante e exige uma resposta conjunta de restaurantes, plataformas de reservas, bancos e autoridades. A indústria precisa encontrar soluções eficazes para combater essa nova forma de crime organizado que está ameaçando a viabilidade de muitos estabelecimentos, especialmente aqueles que trabalham com margens apertadas e ingredientes de alto custo. Enquanto isso, chefs e proprietários continuam a lutar contra um sistema que parece favorecer os criminosos, causando danos irreparáveis à indústria da alta gastronomia.
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