A prisão e subsequente soltura de MC Poze do Rodo, nome artístico de Marlon Brendon Coelho Couto, geraram um debate acalorado sobre justiça, apologia ao crime, e a questão racial no Brasil. O cantor, investigado por apologia ao crime e suposta ligação com o tráfico de drogas, foi preso temporariamente em 29 de maio de 2025, em uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro que chamou a atenção pela sua visibilidade midiática. A prisão aconteceu em sua residência, em um condomínio de luxo, e foi marcada por imagens que circularam amplamente nas redes sociais, mostrando o cantor algemado e escoltado por policiais.
A controvérsia em torno do caso se intensificou com a alegação do Instituto dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) de que houve "tortura racial" durante a prisão. O Idafro entrou com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), argumentando que a prisão foi ilegal por falta de fundamentação para o uso de algemas e pela conivência com a exposição midiática da detenção, chamando atenção para o tratamento desproporcional dispensado a um homem negro. A entidade denunciou a violência policial como um exemplo de violência racial sistêmica, afirmando que a prisão de Poze representa um ataque à dignidade e reflete práticas enraizadas na sociedade. O Idafro alegou que as imagens da prisão mostram um policial usando uma técnica de tortura física, forçando a nuca do cantor algemado e submetendo-o à humilhação pública.
Por outro lado, a Polícia Civil justificou a prisão alegando que as letras de Poze fazem apologia ao tráfico de drogas e ao uso de armas, incitando confrontos armados e que seus shows são estrategicamente utilizados pelo Comando Vermelho para aumentar seus lucros. A investigação da polícia aponta que o cantor se apresenta em áreas dominadas pela facção, com a presença ostensiva de traficantes armados. As investigações visam também identificar outros envolvidos e financiadores dos eventos.
No entanto, a Justiça do Rio de Janeiro concedeu o habeas corpus a Poze do Rodo, determinando sua soltura e a aplicação de medidas cautelares, como comparecimento mensal à Justiça e proibição de contato com investigados e testemunhas. O desembargador responsável pela decisão argumentou que a prisão não se justificava, uma vez que a imprescindibilidade da prisão para a investigação não ficou demonstrada. A decisão judicial destacou, ainda, indícios de irregularidades no procedimento policial, incluindo a algemação e tratamento desproporcional do cantor, com ampla exposição midiática. Além disso, o magistrado considerou a absolvição do MC em instâncias anteriores em um caso semelhante. Seu advogado, Fernando Henrique Cardoso Neves, celebrou a decisão como um ato que "restabelece a liberdade e dá espaço à presunção de inocência".
O caso de Poze do Rodo levanta questões importantes sobre a relação entre arte, liberdade de expressão e a lei. A discussão sobre a apologia ao crime em suas letras evidencia o delicado equilíbrio entre a proteção da liberdade artística e a prevenção de crimes. A polêmica também reacende o debate sobre a violência policial e o racismo estrutural no sistema de justiça criminal brasileiro. Comparando a prisão midiática de Poze com a impunidade de figuras políticas acusadas de crimes graves, alguns analistas argumentam que a operação policial foi uma "lacração", desproporcional e ineficaz no combate ao crime organizado. A prisão de Poze, portanto, tornou-se um símbolo complexo de questões sociais e jurídicas que exigem uma análise aprofundada e debate amplo. Saiba mais sobre o caso no G1. Leia a cobertura da Veja sobre o caso.
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