O Banco do Brasil (BB) anunciou resultados do primeiro trimestre de 2025 que surpreenderam negativamente o mercado, levando a uma queda acentuada nas ações (BBAS3). O lucro líquido ajustado caiu 20,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 7,4 bilhões, um valor consideravelmente abaixo das expectativas de analistas que projetavam R$ 9,05 bilhões. Essa performance decepcionante gerou um verdadeiro terremoto no mercado financeiro, com as ações do banco sofrendo uma forte depreciação, chegando a cair mais de 13% em um único dia.
Vários fatores contribuíram para esse cenário adverso. Um dos principais pontos de preocupação é a deterioração da inadimplência, especialmente no setor do agronegócio, que atingiu 3,04%. Isso se soma ao aumento no custo de funding, impactando diretamente a margem financeira bruta, que apresentou uma queda de 7,2% na comparação anual. A nova Resolução 4966 do Banco Central, que obriga os bancos a anteciparem provisões no balanço, também exerceu um peso significativo sobre os resultados, dificultando a comparação com períodos anteriores. A combinação desses fatores resultou em uma redução da rentabilidade do banco, com o ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) caindo para 16,7%, contra 21,7% no mesmo período do ano anterior.
As projeções futuras também se apresentam nebulosas. O próprio Banco do Brasil colocou em revisão seu guidance para margem financeira, provisões e lucro, aumentando a incerteza no mercado. Analistas de instituições como Goldman Sachs, Citi e Safra expressaram preocupação com a extensão da deterioração na qualidade dos ativos, especialmente no setor rural, e com a capacidade do BB de reconstruir sua margem em um cenário de altas taxas de juros. A Suno Research destacou, adicionalmente, a pressão sobre as tarifas e o crescimento abaixo da inflação nos segmentos de seguros e previdência.
O vice-presidente financeiro do BB, Geovanne Tobias, abordou o aumento do custo do funding e o descasamento entre ativos e passivos, ambos decorrentes da resolução 4966. Ele explicou que a mudança no "stop accrual" (interrupção do reconhecimento do recebimento de juros) gerou um impacto de R$ 1 bilhão e que a situação no agronegócio, classificado como estágio 3, requer recebimentos em dinheiro (cash) para o acúmulo de juros, diferentemente das linhas de varejo. A incerteza sobre a melhora significativa da situação no segundo trimestre levou a revisão do guidance. Apesar do cenário desafiador, o banco afirma que deve manter o pagamento de 40% em dividendos em 2025, uma afirmação que, considerando o contexto apresentado, parece otimista demais e dependente de uma reversão da tendência negativa atual.
Em resumo, o balanço do Banco do Brasil no primeiro trimestre de 2025 pintou um quadro preocupante, revelando desafios significativos à frente. A alta inadimplência, o aumento do custo de funding e a incerteza sobre as perspectivas futuras lançaram uma sombra sobre o desempenho da instituição, impactando fortemente o valor de suas ações no mercado. Acompanhar a evolução da situação e as medidas que o banco tomará para reverter essa tendência negativa é crucial para investidores e analistas. O futuro do BB, portanto, permanece incerto, dependendo de fatores macroeconômicos e da eficácia das estratégias de recuperação da instituição.
Valor Econômico | Estadão E-Investidor | Folha de S.Paulo
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